Saúde

Obesidade cresce 208% no Piauí

Postado em: 24/03/2018 por: Jesika Mayara

Foto: Reprodução

No último dia 14, o Piauí se despediu de uma das figuras mais marcantes da polícia civil do Estado: o delegado Carlos Jorge Moura de Queiroz, popularmente conhecido como delegado Jorginho. Aos 61 anos, ele faleceu vítima de infarto fulminante em seu apartamento na zona Leste de Teresina. Com obesidade mórbida, o delegado chegou a ser internado em 2015 por complicações devido à doença que até 2025 deve atingir 2,3 bilhões de adultos, é o que aponta a OMS (Organização Mundial da Saúde).

A obesidade ainda traz mais um número assustador. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 50,1% dos homens e 48% das mulheres estão acima do peso. A obesidade é um fator de risco que pode ocasionar várias doenças. Não se trata de uma questão estética ou mera consequência dos maus hábitos. Trata-se de um problema multifatorial que deverá ser prevenido desde os primeiros meses de gestação.

“A população está doente por uma série de acontecimento que se inicia na infância e prossegue por toda a vida resultando na obesidade e tudo começa na nossa flora intestinal, que é responsável por comandar nosso corpo. A gente acha que quem comanda nosso corpo é o cérebro, mas quem comanda são as nossas bactérias boas que vivem no intestino”, disse a nutricionista Tamara Meireles.

A Secretaria de Estado da Saúde do Piauí preparou um Boletim sobre a Situação de Obesidade no Piauí, que mostra que o Estado segue uma tendência mundial, com o aumento do sobrepeso, principalmente em adolescentes. Uma análise comparativa do estado do Piauí e Brasil, no período de 2008 a 2016, demonstra o crescimento de sobrepeso no país, passando de 13,44% em 2008 para 17,50% em 2016, enquanto o crescimento na obesidade também em adolescente em 2008 foi de 3,41% para 6,63% em 2016. No Piauí, o sobrepeso em 2008 foi de 10,64%, passando em 2016 para 14,27%, enquanto a obesidade em 2008 passou de 2,55% para 5,23% em 2016, comum crescimento significativo de 208% para a obesidade no estado.

O sobrepeso é um dos maiores problemas de saúde na atualidade. Um fator de alerta diz respeito a obesidade infantil: crianças obesas poderão vir a ser adultos obesos, com maior probabilidade de desenvolver diabetes, doença cardíaca, altas taxas de câncer, além de constituir o 6º fator de risco mais importante para a carga global de doenças, em que dois terços dos casos estão associados às várias Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), incluindo doenças cardiovasculares; como a hipertensão arterial e acidente vascular cerebral, diabetes, câncer de cólon, reto e de mama, cirrose, gota, e outras.

“A obesidade é uma doença crônica que vem aumentando significativamente, que vem do acúmulo de uma má alimentação ao longo de toda vida, estresse, uso de medicamentos e antibióticos discriminadamente, noites mal dormidas, tudo isso faz com a gente não tenha essa saúde intestinal. Uma boa alternativa é a dieta vegetariana, porque ela se baseia em alimentos com índice zero de gordura saturada, bastante fibra e nutrientes”, recomendou.

Estilo de vida implica na obesidade

Em relação ao crescimento da obesidade na adolescência, dados do IBGE de 2014 mostram que 15% das crianças entre 5 e 9 anos e 25% dos adolescentes têm sobrepeso ou obesidade. É comum referir que os adolescentes são saudáveis. Contudo, a adoção de estilos de vida pouco saudáveis em termos de atividades físicos-esportivas (AF), hábitos nutricionais e atitudes comportamentais de riscos são preocupações que devem ser acrescidas.

Na série histórica de casos por territórios no Piauí, torna-se evidente que os altos índices de sobrepeso e obesidade concentram-se no território Tabuleiro do Alto Parnaíba, onde, em 2014, o sobrepeso era 17,2% e 0,7% de obesidade, e em 2016 houve um discreto crescimento em ambas as variáveis avaliadas, sendo necessário uma atenção maior aos 5 municípios que compõem este território (Antônio Almeida, Baixa Grande do Ribeiro, Ribeiro Gonçalves, Sebastião Leal e Uruçuí) com avaliações sequenciadas por municípios, para intensificação de ações mais efetivas.

A nutricionista Tamara Meireles afirma que o estilo de vida de cada pessoa desde a sua infância determina seus hábitos alimentares durante todas as etapas da sua vida.“Quem é obeso geralmente tem o paladar infantil, que é um paladar que vem da primeira infância com a introdução alimentar, que geralmente quem erra são os pais, então é um paladar que vai muito para o muito doce e para o muito salgado, então essas crianças e adolescentes acabam tendo o paladar estragado pela indústria dos produtos industrializados que contem muito sódio e muito açúcar para justamente fazer as pessoas se viciarem, por isso a mudança começa com a exclusão desse tipo de alimento industrializado e processado”, destaca a nutricionista.

Outro aspecto a ser considerado nas prevalências de sobrepeso e obesidade na adolescência são os distúrbios psicológicos, incluindo depressão, distúrbios alimentares, imagem corporal distorcida e baixa autoestima, pois indivíduos obesos também são estigmatizados e sofrem discriminação social. (W.B.)

Impacto sobre os joelhos

Além de doenças como hipertensão e diabetes, a obesidade tem um impacto significativo nas doenças que afetam os joelhos, principalmente a condromalácia patelar, comprometendo a qualidade de vida de milhares de pessoas. Um estudo divulgado no jornal da Associação Canadense de Radiologistas estabeleceu uma clara relação, a partir de exames de ressonância magnética, entre a gordura subcutânea do joelho e a presença, às vezes em estágio avançado, de condromalácia patelar.

Segundo o médico ortopedista Riccardo Gobbi, especialista em cirurgia dos joelhos, a condromalácia patelar é uma alteração na cartilagem que reveste a patela (parte anterior do joelho, antes chamada de rótula). Essa disfunção acompanhada por degeneração da cartilagem é causa de muita dor e desconforto. Conhecida também como ‘síndrome da dor patelofemoral’.

“A condromalácia patelar piora com o aumento da pressão entre a patela e o fêmur. Sendo assim, não só a obesidade é uma causa importante, mas situações que envolvem repetição de movimentos agravam o problema. Ao subir uma escada, por exemplo, essa pressão atinge três vezes o peso do corpo. Já em exercícios que impõem a flexão dos joelhos em 90 graus, a pressão pode variar de sete a dez vezes o peso do corpo. Daí a importância de atletas de alto impacto, como corredores e jogadores de vôlei, basquete, tênis e futebol, necessitarem de uma atenção constante na manutenção da saúde dos joelhos – e isso inclui, obviamente, o controle do peso e o fortalecimento muscular”, disse.

O especialista afirma que o diagnóstico correto dos fatores relacionados à condromalácia patelar ou síndrome patelofemoral não é simples e demanda muito conhecimento por parte dos ortopedistas. Além de avaliar o paciente clinicamente, dando atenção às suas queixas e checando que tipo de uso ele faz dos joelhos, exames de imagem devem ser requisitados para avaliar a inflamação, alterações anatômicas e a área degenerada. (W.B.)

Exercícios contribuem para prevenção

Dados do Ministério da Saúde mostram que um em cada cinco brasileiros está acima do peso saudável. Ainda mais: a obesidade aumenta com o avanço da idade e é bastante alta entre adultos de 25 a 44 anos. Para não aumentar essa triste estatística, o personal trainer Jhonatan Vital declarou que alguns exercícios podem contribuir na prevenção, como, por exemplo, a prática de atividades físicas e uma alimentação regular.

“Nós que somos profissionais e trabalhamos com atividade física não queremos que esse número seja concretizado. Para isso, para começar esse processo de forma gradativa é indicado caminhada, musculação e mudança no hábito alimentar”, explica. Vale destacar que antes de iniciar qualquer tipo de atividade física é preciso procurar um profissional para receber as orientações necessárias.

No que se refere à caminhada, um exercício leve e ideal para iniciar uma atividade física é recomendado praticar de 3 a 5 dias por 40 minutos na semana. Com o auxílio de um profissional, a musculação é uma aliada para combater a obesidade, pois é um complemento da alimentação para a perda da gordura corporal, além de reeducar a postura e fortalecer os músculos que ocasionam lesões na coluna. O ideal é praticar de 3 a 5 dias mesclando exercícios indicados pelo professor.

Jhonatan ainda ressalta que é importante trabalhar bem a respiração, sendo em duas maneiras. “No momento da fase excêntrica, em que o músculo diminui, você respira. Já na fase concêntrica, em que há o maior alongamento do músculo, você inspira. Ambas as formas podem ser utilizadas, desde que seja trabalhada bem a respiração. O descanso também é fundamental. O indicado é dormir em média seis horas”, acrescentou.

Fonte: Meio Norte

Matéria postada em www.picos40graus.com.br