14/01/2016 - Jesika Mayara
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, cometeu mais uma gafe nesta quarta-feira, ao afirmar, em tom de brincadeira, que torceria para que mulheres se contaminem pelo zika antes da idade fértil. O comentário foi feito quando Castro falava sobre os projetos de desenvolvimento de vacina contra o vírus, que chegou ao Brasil no ano passado, já circula em 20 Estados e está relacionado ao surto de nascimento de bebês com microcefalia.
O ministro disse que o imunizante, uma vez desenvolvido, seria fornecido para parte da população considerada mais suscetível.
— Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Mas para pessoas em período fértil. E vamos torcer para que mulheres antes de entrar no período fértil peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina — disse.
Três laboratórios públicos se preparam para iniciar projetos para desenvolvimento de vacinas que protejam contra o zika. Castro, afirmou que Evandro Chagas, Biomanguinhos e Instituto Butantã já começam a se articular para, em colaboração com outros centros de pesquisa internacionais, iniciar as pesquisas.
— O projeto é a longo prazo. Não teremos nenhuma resposta antes de, pelo menos, dois anos — afirmou.
A ideia é que cada centro siga uma linha de pesquisa em colaboração com institutos internacionais.
— Não será um rede de laboratórios brasileiros. Cada um investirá no desenvolvimento de uma estratégia específica — contou o ministro.
Dessa maneira, avalia, aumentam as chances de se encontrar mais rapidamente uma alternativa eficaz para o combate ao vírus.
Na sexta-feira, Castro deverá visitar o Instituto Butantã para discutir as propostas. Sábado, será a vez de Biomanguinhos. Com o Instituto Evandro Chagas, as negociações estão mais adiantadas.
— Queremos definir estratégia rapidamente. Cada mês perdido pode representar meses a mais sem uma arma eficaz de combate ao problema — disse.
O ministro afirmou que os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH) estão entre os cotados para parceria de desenvolvimento de projeto contra o zika.
— Acreditamos que essa vacina seja mais fácil de ser preparada do que a da dengue, porque envolve apenas um vírus, não quatro subtipos, como ocorre com a dengue — comentou Castro.
O ministro garantiu que não faltarão recursos para o desenvolvimento de projetos nesta área. De acordo com ele, a verba necessária não é "exorbitante".
— Mais caro será depois da vacina produzida, você distribuir. No caso da zika, a gente tem uma facilidade que é um público alvo — completou.
Fonte: Estadão