12/10/2016 - Jesika Mayara
A Igreja Evangélica Salvos em Cristo (IESC) vem desenvolvendo em Itainópolis um eficiente projeto, adotado por diversas igrejas evangélicas em todo o Brasil. É o Projeto MDA – Meu Discípulo Amado – que consiste em prestar um atendimento maior a um grupo de fiéis, cujos membros atuarão como multiplicadores da Palavra de Deus, assim como fazia Jesus com os apóstolos. “É um trabalho em que a gente abraça e tem um momento mais junto da pessoa, para ensinar, orientar e ajudar, no sentido espiritual. (...) É um cuidando do outro. Como diz a Palavra, chorar com os que choram, se alegrar com os que se alegram. Nunca a pessoa está sozinha”, afirma o pastor Eli Oliveira.
Além do Pr. Eli, o Projeto MDA é encabeçado também pelo pastor Marciel Carvalho, e tem como objetivo apresentar Jesus de uma maneira simples. Segundo o Pr. Marciel, “buscando compreender a pessoa, sem acusá-la, para ela entender que essa é uma forma de se aproximar de Deus e ver que ela também é capaz de ser um discípulo”, conclui.
Na referida igreja, existem os discipuladores e os discipulados. Eles se reúnem mais de uma vez por semana, nos chamados Bate-papos, encontros nos quais os líderes de grupos comentam espontaneamente o que entenderam da mensagem pregada no culto do domingo anterior. Na ocasião, eles ainda fazem estudos bíblicos e socializam suas fragilidades pessoais.
O grande diferencial no método de evangelização da IESC está no espírito de liderança desenvolvido nos jovens, cujo trabalho não se limita a pregar atrás de um púlpito. Eles vão além! Depois de participarem do Tadel – Treinamento Avançado de Líderes – esses jovens se tornam multiplicadores, que devem estar sempre motivados e motivando outros, principalmente aqueles que participam dos Bate-papos, ocasião em que aprendem lições de vida, através de dinâmicas que levam experiências de coisas materiais para a vida espiritual, semelhante às parábolas que Jesus contava.
Os grupos da Salvos em Cristo criam camisetas, para ser mais bem identificados, e têm também seus lemas, que são expressos em frases como “envolvidos para estar envolvendo” ou ainda “nós não somos uma religião; nós somos uma família”. Família que Eli Oliveira define como a ‘família de Jesus na Terra’, no seio da qual – explica o pastor – as pessoas são ajudadas não só no sentido espiritual, mas também em outras necessidades. A igreja acolhe e ajuda desde aquelas pessoas que chegam carentes de mantimentos até aquela mãe que está com o filho envolvido com drogas. E, em todos os casos, essas pessoas são abraçadas pelos líderes ali formados.
Mas como atrair para o templo um público tão propício a coisas mundanas? Além da valorização do jovem como ser humano e da confiança que lhe é dada, o segredo está também na música, principal elemento usado para ampliar a quantidade de jovens que frequentam a referida igreja. Quantidade nunca antes vista por lá. “A música fala muito alto. Como consta no Salmo 100, ‘celebrai com júbilos, com cânticos ao Senhor, todos os moradores da Terra’. Então, através dessa alegria, eles puderam ver que a Palavra de Deus também é alegria, também é vida. E hoje eles estão buscando algo que realmente é vida: a Palavra de Deus, que diz ‘eu sou o caminho, a verdade e a vida’”, ilustra o Pr. Oliveira.
O Pr. Marciel esclarece ainda que, para cada pessoa, há uma espécie de cuidado, porque cada um apresenta um tipo diferente de dificuldade. “Muitos dos jovens da IESC são órfãos, e grande parte deles, com muitos traumas; e a igreja atua dizendo que existe um caminho melhor, que nós podemos fazer melhor, podemos agir melhor”, ressalta o líder religioso. E é com solicitude que os jovens da Salvos em Cristo têm ido ao encontro de pessoas que, muitas vezes, não têm a força para chegar até a igreja. É então que os líderes têm a missão de propagar a Palavra. Aquilo que vão aprendendo, eles apresentam para essas pessoas, as quais também se tornam discípulas e levam a diante os ensinamentos.
Outra forma como se dá a preparação do jovem líder é colocando-o para ajudar nas particularidades da igreja. São eles que, por exemplo, informam quando há uma pessoa doente; um estudante que não está indo bem na escola; alguém com problemas familiares. Eli reconhece que, sem essa ajuda, os pastores não teriam como fazer mais pelos irmãos. E quando questionado sobre o porquê de tamanho empenho dispensado à juventude, ele responde: “A gente pensa muito no futuro. O futuro da igreja, o futuro da família, o futuro da cidade, o futuro empresário... Na mão de quem está o futuro? Está nas mãos de nossos jovens! E olhando por outro lado: o que estamos perdendo? Os nossos jovens! Então, temos focado muito neles, e alguns têm se destacado e tomado conta de grupos. Esses líderes nos ajudam muito”.
Motivado pela vontade de conhecer Deus melhor, o jovem Robson dos Santos Silva, diz que procurou a igreja evangélica e se sentiu tocado pela Palavra. Ali, a união entre os fies é uma das coisas que mais lhe chama a atenção. “A Igreja é muito unida. Lá é uma família só”, conta. Hoje Robson é um dos integrantes da Ministério Jovens Fortes, a banda da IESC. E continua o baterista: “É algo inexplicável. Deus usa a gente de uma maneira...”. O jovem de 17 anos também abre seu coração para falar um pouco do trauma que sofreu há poucos meses, quando sua mãe foi brutalmente assassinada. Ele revela como conseguiu manter o equilíbrio: “A igreja me ajudou bastante. Eles me apoiaram muito. Se eu não estivesse na igreja no período desse acontecido, se eu estivesse no mundo, hoje eu não estaria mais vivo. E se estivesse vivo, estaria na bagaceira, andando bêbado. Estaria no mundo que não presta. Mas como eu estava na igreja, Deus me confortou”, declara ele.
Para a psicologa Graça Moura, especialista em Comportamento Institucional, valorizar os jovens e investir em sua condição de ser humano é algo muito importante, com vistas a que eles sejam preparados para os desafios que irão enfrentar na vida pessoal, comunitária e profissional. “O investimento certo na formação dos jovens traz um retorno positivo para a comunidade da qual ele faz parte; para a carreira profissional; para a vida pessoal e para as empresas que valorizam cada vez mais tanto a qualificação profissional quanto a ação correta. O preparo permite o reconhecimento da ação jovem, que naturalmente o motiva para maior participação e para ações cada vez mais responsáveis em prol deles próprios; das famílias das quais eles fazem parte e para a comunidade onde estão inseridos”, analisa a psicóloga, residente em Picos.
Nossa reportagem descobriu ainda que a Salvos em Cristo de Itainópolis também desenvolve ações sociais. Na chamada Campanha das Primícias, a igreja angaria donativos para algumas famílias carentes. Mas até agora, não houve nenhum colaborador de fora dessa denominação religiosa participando da campanha. “É gratificante quando a gente tem a oportunidade de fazer algo, mesmo que ninguém veja”, declara Eli Oliveira. E mesmo sem fazer alarde ou proselitismo religioso, a IESC vem sendo frequentada, inclusive, por pessoas de outras denominações, tais como igreja Católica, Congregação Cristã no Brasil, Assembleia de Deus, Missão, Palmeiras de Goiás e Igreja Mundial do Poder de Deus.
Por Anderson Monteiro