24/10/2016 - Jesika Mayara
O Promotor de Justiça Rômulo Cordão, Coordenador do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco) concedeu entrevista na manhã desta segunda-feira (24) e falou sobre a Operação IL CAPO, que culminou com a prisão do ex-procurador geral de Justiça Emir Martins e de seu filho, sua nora e sua ex-esposa.
Cordão explicou o esquema de corrupção liderado por Emir Martins, quando este geriu o Ministério Público do Estado do Piauí entre os anos de 2004 e 2008. Segundo o coordenador do Gaeco, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) veio ao Piauí em 2010 a fim de apurar supostas irregularidades na gestão do então procurador e levantou os indícios. O CNMP solicitou apoio do Gaeco do estado do Mato Grosso, que realizou uma inspeção nos computadores que guardavam as folhas de pagamento e apurou dados que viabilizaram a investigação.
“Havia uma folha de pagamento chamada SPHIS (Setor de Pessoal Histórico) que tinha um determinado valor que era enviado aos órgãos de controle, no entanto, outra folha ia para o banco para fazer o depósito na conta do servidor. Então havia pessoas que, por exemplo, ganhavam R$ 3 mil, segundo o contracheque, mas na sua conta era depositado R$ 12 mil, R$ 13 mil e até R$ 18 mil”, declarou.
O promotor informou ainda que todas as pessoas tinham parentesco com o ex-procurador e afirmou que estagiários foram utilizados no esquema criminoso. “Filho, cunhadas, nora, genro, e a ex-esposa. Os valores [desviados] nós apuramos por baixo, R$ 8 milhões em quatro anos, eu digo por baixo, porque outras pessoas foram utilizadas muitas vezes sem conhecimento, por exemplo, estagiários, que eram contratados para trabalhar no Ministério Público e o então procurador aliciava essas pessoas oferecendo determinada remuneração, e elas recebiam essa remuneração a menos, só para efeito de prestação de contas, a fim de que, justamente colocando-se a mais para esses estagiários, pudesse ter espaço para subtrair para a família dele”, destacou.
Rômulo Cordão apontou os crimes pelos quais Emir Martins vai responder. “Vão desde falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, peculato, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Constatamos, após a quebra de sigilo bancário fiscal, que esses valores foram transformados em imóveis, veículos e bens para essa organização criminosa. Na representação, o Ministério Público pediu a prisão, busca e apreensão e indisponibilidade dos bens, além do bloqueio das contas bancárias”, finalizou.
Fonte: GP1