22/05/2023 - Jesika Mayara
As hepatites virais somaram 718.651 casos confirmados de 2000 a 2021 no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A doença, que é qualquer inflamação que acontece no fígado, pode ser causada por vírus, abuso do consumo de álcool ou outras substâncias tóxicas (como as hepatites medicamentosas).
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Segundo Maira Marzinotto, gastroenterologista do Centro Especializado em Aparelho Digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, atualmente, existem vacinas disponíveis para as hepatites virais A e B. Tais imunizantes estimulam a resposta imune do corpo contra os vírus e estão presentes no calendário vacinal infantil.
Para a hepatite A, são oferecidas duas doses da vacina. O imunizante é econtrado na rede pública para crianças de 15 meses a 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade, segundo a SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Acima dessa faixa etária, as vacinas são aplicadas na rede privada e de acordo com a orientação médica.
Já a hepatite B tem seus imunizantes administrados em três doses. A recomendação é que a primeira administração seja feita nas primeiras 12h a 24h de vida, e as outras aos dois e seis meses de vida. A vacina pode ser encontrada no SUS (Sistema único de Saúde ) e na rede privada.
As hepatites podem gerar casos agudos, com curta duração, ou crônicos.
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Os riscos da hepatite aguda incluem lesões importantes no fígado, podendo parar o funcionamento do órgão, podendo gerar uma hepatite fulminante e até mesmo podendo necessitar de transplantes, o que de acordo com Alves, são casos raros.
Já as hepatites crônicas podem evoluir para quadros de cirrose, aumentando os riscos para câncer no fígado.
Tipos de hepatites
O Ministério da Saúde informa que as hepatites virais podem ser divididas entre os tipos A, B, C, D e E. Além dessas, existem as hepatites de causas autoimunes, alcoólicas e medicamentosas. Veja a seguir as diferenças de cada tipo:
Hepatite A: Causada pelo vírus HAV, costuma ser de caráter benigno, mas com sintomas e letalidade aumentados conforme a idade. Sua transmissão é por via oral-fecal, tendo grande relação com a falta de higiene adequada de alimentos, saneamento básico inadequado, contato pessoal próximo e relações sexuais desprotegidas.
Os sintomas incluem fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, seguidos de enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia. Pode haver o aparecimento de urina escura antes da fase da pele amarelada (icterícia). A sintomatologia costuma aparecer de 15 a 50 dias após a infecção, e costuma durar dois meses.
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue que detectem a presença de anticorpos anti-HAV IgM (infecção inicial), perceptíveis por seis meses, ou pela pesquisa do anticorpo IgG, que verifica infecção passada ou então resposta vacinal de imunidade. Os anticorpos impedem novas infecções. O tratamento não é específico e visa atenuar os sintomas.
A prevenção da hepatite A pode ser feita por meio da vacinação, higiene adequada, higienização das mãos, tratamento sanitário adequado, uso de preservativos e o bom cozimento de alimentos.
Hepatite B: A hepatite B é causada pelo vírus HBV. O Ministério da Saúde alega que a tipagem foi responsável por 32,8% dos casos de hepatites notificados no Brasil em 2018. A doença pode se desenvolver das formas aguda (curta duração) ou crônica (mais de seis meses).
Em sua maioria, a hepatite B não apresenta sinais, tendo seu diagnóstico apenas décadas após a contração. Para tal, é realizada a pesquisa do antígeno do HBV (HBsAg), via testes rápidos ou laboratoriais. O diagnóstico deve ser confirmado com exames complementares que identifiquem a presença do DNA viral (HBV-DNA).
Apesar de não ter cura, a hepatite B tem tratamento disponibilizado no SUS, reduzindo o risco de suas complicações (cirrose, câncer hepático e morte). A prevenção da doença é feita pela vacina, uso de preservativos e o não compartilhamento de objetos pessoais.
Hepatite C: O processo inflamatório e infeccioso é causado pelo vírus HCV, podendo ser de forma aguda ou crônica. O segundo tipo de infecção é o mais comum (de 60% a 85%), sendo que 20% dos casos evoluem para cirrose.
A transmissão da hepatite C se dá pelo contato com sangue contaminado; compartilhamento de agulhas, material de manicure e/ou reutilização de material para tatuagem, equipamentos médicos e odontológicos; falha na esterelização de material de manicure; procedimentos invasivos (como cirurgias) sem o protocolo de biossegurança; relações sexuais desprotegidas; e de forma vertical, de mãe para bebê durante a gestação.
A hepatite C não cortuma apresentar sintomas. Assim, só é possível saber o diagnóstico a partir da testagem rápida ou sorológica que apontam a presença dos anticorpos anti-HCV. O SUS oferece tratamento gratuito com antivirais, capazes de curar e impedir a progressão da doença.
Não existe vacina para a prevenção da hepatite C. No entanto, algumas medidas são capazes de frear sua transmissão. São elas: não compartilhar materiais que possam ter contato com o sangue; e uso de preservativos. Aqueles que forem testados positivos devem ter contatos familiares e parceiros sexuais testados para a doença; cobrir feridas abertas na pele; limpar respingos de sangue com solução clorada; e não podem doar sangue ou esperma.
Hepatite D: Esse tipo de inflamação está comumente associada à da hepatite B. A infecção pelo vírus HDV pode ocorrer de duas formas: infecção simultânea com o HBV, ou superinfecção do HDV em pessoas com infecção crônica pelo HBV. Por estar associada à hepatite B, sua transmissão ocorre da mesma forma.
A hepatite D não costuma apresentar sintomas, e quando ocorrem, incluem enjoos, fadiga, urina escura, fezes claras, e olhos e pele amarelados. O diagnóstico é sorológico, verificando a quantidade de anticorpos anti-HDV.
Após a confirmação, o médico indicará o tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. As terapias oferecidas buscam controlar os danos ao fígado e não ocasionam a sua cura. O SUS oferece os medicamentos. É recomendado que tais pacientes não consumam bebidas alcoólicas.
A prevenção desse tipo, além da vacinação contra a hepatite B, inclui uso de preservativo em todas as relações sexuais e o não compartilhar de objetos de uso pessoal.
Hepatite E: A infecção é causada pelo vírus HEV, com duração curta e auto-limitada, geralmente, de caráter benigno. Sua transmissão se dá por via oral-fecal; consumo de água contaminada; saneamento básico precário; ingestão de carne mal cozida; transfusão de sangue infectado; e de modo vertical de mãe para bebê na gravidez.
Os sintomas duram de duas a seis semanas e incluem fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoos, diarreia, urina escura e icterícia. Assim como a hepatite A, o tratamento não é específico, buscando aliviar os sintomas.
O diagnóstico é feito pela pesquisa de anticorpos IgM anti-HEV ou por amostra de fezes por RT-PCR. Sua prevenção é feita com adequação sanitária; boa higiene; e higienização e cozimento adequado de alimentos.
Hepatite alcoólica: De acordo com a médica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a hepatite alcoólica ocorre após a ingestão de grandes quantidades de bebidas alcoólicas. O Manual MSD alega que o quadro pode variar desde leve e reversível a doença grave, com risco de morte.
Os sinais incluem pacientes desnutridos, fadiga, icterícia, febre, dores na região do fígado, aumento do órgão e sopro hepático. O quadro pode incluir, também, maniffestações semelhantes às de cirrose. A gastroenterologista afirma que o diagnóstico é baseado no histórico de consumo alcoólico do paciente e o tratamento se dá pela retirada da ingestão de bebidas alcoólicas.
Hepatite medicamentosa: Ocasionada pelo uso de remédios que podem gerar inflamações no fígado. O diagnóstico é feito a partir do histórico de tratamentos realizados pelo paciente. Seu tratamento se dá na retirada dos medicamentos causadores do quadro.
Hepatite autoimune: Maira afirma que esse tipo ocorre quando as próprias células do corpo atacam o fígado, causando a inflamação do órgão. O diagnóstico é feito a partir de testes sanguíneos dos autoanticorpos que podem gerar a hepatite. Os tratamentos são específicos, com avaliação individual, geralmente com a utilização de corticóides e imunossupressores para diminuir os ataques celulares ao fígado.
R7