Picos(PI), 23 de Novembro de 2024

Matéria / Polícia

Polícia indicia empresária suspeita de manter afilhada em cárcere privado e escravidão

02/06/2023 - Jesika Mayara

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P40G-IMG-a03393ca2b933b5f7a.jpg (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
P40G-IMG-a03393ca2b933b5f7a.jpg (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A empresária Francisca Danielly Mesquita Medeiros, 38 anos, foi indiciada pelos crimes de sequestro, cárcere privado e tortura física e psicológica contra a afilhada, Janaina dos Santos, 27 anos, resgatada na semana passada após mais de 15 anos sem contato com os familiares. O inquérito policial foi concluído nesta quinta-feira (01) pelo delegado Odilo Sena, do 6º Distrito. A suspeita segue presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Teresina. 

Segundo o delegado, a investigação comprovou, através de provas robustas, os crimes que aconteceram na casa de Francisca Danielly, no bairro Ilhotas, na zona Sul da capital.

"Foi um relatório de oito laudas onde ficou configurados os crimes de tortura, tanto física como psicólogica da redução a condição análoga a de escravo, também ficou configurado do cárcere privado mas, propriamente, o sequestro", disse. 

O delegado Odilo Sena relata ainda que essa foi a terceira vez que os crimes cchegaram ao conhecimento das autoridades. "A primeira vez foi há cerca de 10 anos; há cerca de cinco anos um ex-namorado da vítima, também, realizou a denúncia, e este ano o caso caiu aqui no nosso distrito, trazido pelo atual namorado de Janaína", explica o delegado responsável pela investigação. 

Para o delegado a sociedade e as instituições falharam ao longo dos anos com Janaína dos Santos. "Para nós o crime ficou claro logo no início. Janaína é uma pessoa vulnerável, sem instrução, não conhecia dinheiro e estava na casa há mais de uma década. E essa família não fez nada em seu benéficio", relata o delegado. 

O delegado também explica que os crimes cometidos por Danielly estavam sendo investigados pela Polícia Federal, devido a relação trabalhista que não estava regularizada. "O Ministério do Trabalho tinha conhecimento do caso e não conseguiu agir prontamente. Temos relatos da própria Janaína de que a Polícia Militar já tinha ido até a casa de Danielly para verificar a sua situação, mas ela continuou sob o poder da madrinha", diz Odilo Sena. 

O delegado fala ainda do desejo de conhecer pessoalmente D. Graça, uma ex-vizinha de Danielly, que mudou de endereço por não suportar mais ouvir as agressões diárias. "Segundo o relato de D. Graça a outras pessoas ouvidas pelo delegado uma certa vez Janaína errou ao fazer um cuscuz e foi agredida a socos e pontapés por Danielly. "D. Graça disse a terceriros que ouviu Janaína apanhar enquanto pedia que a 'madrinha' parasse de agredi-lá", revelou o delegado. 

Quando inquirido sobre o envolvimento de outras pessoas no caso o delegado é taxativo. "Temos evidências sim, mas por conta dos prazos precisamos remeter o processo à Justiça. Mas eu espero que o processo volte para minha mão para que possamos investigar a participação de outras pessoas, sobretudo companheiros e ex-companheiros da emprésaria Danielly", frisou o delegado. 

Entenda o caso

A empresária Francisca Danielly Mesquita Medeiros, 38 anos, foi presa, no dia 23 de maio,  suspeita de manter a prima e afilhada, Janaina dos Santos, 27 anos, em cárcere privado, sob tortura e em situação que se assemelha a escravidão, em uma residência no bairro Ilhotas, na zona Sul de Teresina.

Além de não receber salário ou benefícios, ao chegarem na residência da suspeita, a Polícia Civil constatou que vítima dormia em um quarto sem nenhuma estrutura.

A investigação teve início após a vítima conhecer um rapaz e revelar a situação em que vivia, desde os 12 anos.

Janaina reencontrou a família, no dia em que foi resgatada pela equipe do 6º Distrito Policial. Agora a jovem planeja ficar ao lado da família, no Maranhão, para recuperar o tempo que passaram separados. Janaína planeja, ainda, voltar a estudar para conseguir um emprego digno.

 

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