13/11/2023 - Jesika Mayara
No último domingo (12), o delegado da Polícia Civil do Piauí, Menandro Pedro (67), morreu após sofrer um infarto enquanto participava de uma prova de corrida da Avenida Marechal Castelo Branco, em Teresina. O caso chama atenção e serve como um alerta, especialmente para aquelas pessoas que praticam atividade física sem orientação profissional ou não tem acompanhamento médico.
O cardiologista Elisiário Junior cita que o infarto é uma doença trágica e que 50% dos ataques cardíacos resultam em morte súbita, ou seja, ocorre até uma hora após o início dos sintomas. É uma doença que evolui de forma silenciosa, sobretudo por ser negligenciada por parte dos pacientes, sendo o infarto sua primeira manifestação.
“Em 50% dos casos, a pessoa tem morte súbita, ou seja, tem uma parada cardíaca e não dá tempo ter sintomas. Quando tem, é uma dor no peito, um aperto muito forte, opressivo, acompanhada de sudorese, o paciente fica suando e pálido. Essa dor pode se irradiar para o braço esquerdo, para a região das costas ou epigastro (região superior e média do abdômen). Mas existem os equivalentes, como o desmaio e, em alguns pacientes, pode ocorrer o infarto silencioso, no caso dos diabéticos, idosos ou do sexo feminino”.
Elisiário Junior cita que ao longo dos anos houve uma mudança no perfil do paciente vítima de infarto. Se antigamente o alerta para a doença era somente após os 35 anos, no sexo masculino, e 50 anos no sexo feminino, a realidade atual é outra, com pacientes cada vez mais jovens tendo ataques cardíacos.
“Observamos que está aumentando a incidência de infarto em jovens a partir dos 25 anos, de ambos os sexos, e isso se deve a múltiplos fatores, como o aumento do sedentarismo, de uso de cigarros eletrônicos, consumo de alimentos ultraprocessados com alta concentração de cloreto de sódio, consumo exagerado de álcool. Tudo tem feito com que os adultos jovens estejam sendo acometidos pelo infarto”, alerta o especialista.
Controle dos fatores de risco e prática de atividade física
Para combater esses múltiplos fatores que estão ligados diretamente ao infarto, o cardiologista Elisiário Junior destaca a necessidade de controlar as situações que aumentem a probabilidade de ocorrência da doença ou agravo à saúde. Controlar a hipertensão, o açúcar no sangue e o colesterol é o primeiro passo. Mas também deve-se observar a circunferência abdominal: nos homens, não ser maior que 102 cm; nas mulheres, não deve ser superior a 88 cm.
Outra forma de controlar os fatores de risco é por meio da prática de atividade física. O especialista salienta que as pessoas devem praticar, pelo menos, 150 minutos de exercício por semana, independente da modalidade, e de maneira regular.
“Não existe nenhuma atividade que se sobreponha a outra, todas são benéficas. Temos que saber se o indivíduo está apto a desenvolver a atividade física, pois caso ele não esteja, temos como tratar, e aí é liberada a atividade. E mais importante que a intensidade do exercício, é a regularidade. Fazendo isso, vamos ter uma redução da incidência do infarto, que acomete um brasileiro a cada dois minutos”, destaca.
Fique atento aos sinais de alerta
É sabido que a prática de atividade física é extremamente importante para a saúde. Contudo, antes de realizar qualquer modalidade, é preciso tomar alguns cuidados. Aryel Castelo Branco lembra que deve-se buscar orientação de um profissional de educação física, mas, principalmente, respeitar os limites do seu corpo, sobretudo se pertencer a um grupo especial.
“Comece com a intensidade baixa e vá aumentando gradativamente, conforme as orientações do profissional. Se for de grupos especiais, tiver alguma patologia ou lesão ou for idoso, é importantíssimo ter um acompanhamento de um profissional, para que não se machuque ou execute algum exercício errado ou com a intensidade muito alta, prejudicando a saúde”.
Além disso, deve-se realizar um check-up antes de fazer qualquer atividade física, principalmente de for idoso ou tiver alguma patologia, como diabetes e hipertensão, independente da idade. Busque sempre um cardiologista e endocrinologista para fazer esse acompanhamento.
E caso decida praticar atividade física sem companhamento profissional, é importante ficar atento a qualquer sinal de alerta, como mal-estar, tontura, aperto no peito, dores de cabeça no momento do exercício ou palpitação, além de dores físicas, como no joelho, coluna ou ombro.
“Se sentir qualquer um desses sintomas, pare o exercício, consulte o profissional de educação física e vá ao médico. A corrida melhora a parte cardiovascular, cardiorrespiratória, fortalece o coração, combate a obesidade, a depressão e a ansiedade, então, a prática de atividade física não deve ser evitada por medo ou receio, mas, sim, ser feita com atenção e precaução”, conclui Aryel Castelo Branco.
Fonte: Portal O Dia