Picos(PI), 23 de Novembro de 2024

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Mercado Público de Picos completa hoje 100 anos de história

24/01/2024 - Redação

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P40G-IMG-ceb821aeb7693d6dcb.jpg (Foto: Leandro Moura)
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Da Redação

Há exatos 100 anos, no dia 24 de janeiro de 1924, o Mercado Público de Picos era inaugurado pelo Coronel Francisco Santos. Desde então, o local se tornou símbolo de ascensão e progresso da cidade de Picos.

Situado em local estratégico, o mercado está no coração da cidade, mais precisamente entre as praças Matias Olímpio e Justino Luz, que também são conhecidas, respectivamente como feira das frutas e verduras e feira de roupas e calçados, o que foi determinante para o desenvolvimento de Picos, projetando a cidade como detentora de uma das maiores feiras ao ar livre do Nordeste.

No mais antigo e mais tradicional Mercado Público de Picos são comercializadas nos diversos boxes as mais variadas comidas e produtos típicos do Nordeste e isso faz do local um lugar rico em cultura e tradição, que representa e fortifica a natureza sertaneja da cidade.

Para marcar essa data tão importante para a história dos picoenses, a reportagem do Picos 40 Graus esteve acompanhando o cotidiano do mercado público com ênfase nas atividades comerciais exercidas no entreposto. Na oportunidade, conversamos com alguns feirantes e comerciantes, ouvimos reivindicações mais urgentes e as perspectivas de futuro. 

 

O senhor José Tiago Luz comercializa há muito tempo temperos, farinha e outros ingredientes culinários. Ele falou de sua vivência naquele lugar. “Por causa desse mercado público, um itas famílias se criaram. Aqui é mais que um trabalho, é um meio de sobrevivência. De tal forma que até hoje invisto aqui para crescer mais o meu negócio. Hoje tenho uma barraca organizada e aluguei outro ponto em frente para vender frutas e verduras, pois aqui as vendas são garantidas, têm retorno”, comentou.

Ali próximo, se estabelece outro vendedor de frutas, o senhor Raimundo Nonato que, diferentemente do companheiro Tiago, vê com pessimismo a atual situação do mercado. Ele afirma que se entristece quando constata a atual realidade do local. “Sinceramente, a gente vem trabalhar porque é o jeito. Todos os dias chegamos aqui muito cedo porque acreditamos em dias melhores. Como você pode ver, é constrangedor como está a sujeira aqui. A estrutura é precária. A minha barraca mesmo é apertada e improvisada. Em dias de chuva fico aflito por medo de acontecer o pior, choque ou desabamento. É difícil crescer aqui. Nossa esperança mesmo é que concluíssem o novo mercado público que continua só na promessa depois de tantos anos. Não sei como vai ser. Têm dias que só a fé em Deus e a força que os filhos nos dão para continuar”, lamentou.

No setor de boxes de refeições, “comida do mercado” é uma atração a parte. Difícil saber qual picoense nunca provou uma refeição lá. Quem trabalha no local garante que é a melhor comida caseira da cidade. A cozinheira Maria Inês Moura falou, na ocasião, da parceria e o vínculo de apoio mútuo que existem entre os trabalhadores mais antigos do mercado. “Aqui somos muito unidos, principalmente pelas dificuldades que enfrentamos durante todos esses anos. Sempre estamos apoiando um ao outro. Muitas pessoas dizem que ‘aqui não compensa', que ‘não vai durar'. Mas pelo tempo que estamos aqui percebemos que nossos clientes são fiéis. É claro que precisamos melhorar cada vez mais para manter a tradição popular” – enfatizou.

O senhor João Carlos é vendedor de roupas, tecidos e utensílios domésticos. Com sinceridade, ele disse que o mercado é muito frequentado por causa da feira das frutas e comidas servidas nos boxes. “Mas para nós que trabalhamos com confecções há muito tempo, já estamos perdendo espaço. Talvez seja pelo espaço apertado e desorganizado, ou talvez seja mesmo porque aqui é antigo e ficamos para trás. Temos produtos de excelente qualidade, mas é lógico que essas grandes empresas de fora têm muito mais vantagens que a gente. É difícil e injusto, porém não temos o que fazer, apenas valorizar o que conquistamos até aqui. Como costumo dizer: pode não ser o ideal, mas é meu!", admitiu.

Breve histórico do Coronel Francisco Santos 

Nascido na fazenda chamada Jenipapeiro, que hoje emancipado de Picos leva o seu nome, o coronel Francisco Santos foi fazendeiro, pecuarista e comercializava produtos da fazenda e da agricultura, principalmente algodão e cebola. Ele também foi politico e um empreendedor em prol de sua terra, Picos.

Em Picos, na condição de intendente, construiu escolas, ele trouxe as primeiras professoras formadas pra região, trouxe a iluminação pública, construiu estradas e urbanizou a cidade. 

Coronel Francisco Santos - Imagem gerada por meio de Inteligência Artificial

Dos descendentes do coronel Francisco Santos, alguns enveredaram pela carreira política, como seus filhos Adalberto de Moura Santos, que foi prefeito de Picos e Waldemar de Moura Santos, que ocupou cargo de senador da República, bem como seu neto Warton Santos, que exerceu vários mandatos de deputado estadual e seu bisneto, Pablo Santos, que é secretário de Estado e está no terceiro mandato de deputado estadual.

Reportagem e Fotos: Leandro Moura

Fotos Vista Parcial: Gelimar Moura

Edição e acréscimo de informações: João Paulo Leal – Picos 40 Graus

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