19/04/2017 - Jesika Mayara
Representantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Subseção Picos, do Sindicato dos Médicos do Estado do Piauí, vereadores, advogados e servidores do Hospital Regional Justino Luz (HRJL), participaram na manhã desta quarta-feira, 19, de uma audiência pública na Câmara Municipal de Picos com o tema “A Situação do HRJL em Picos".
Segundo a promotora Micheline Serejo, a audiência foi motivada pelas inúmeras denúncias realizadas por pacientes do HRJL, assim como por fiscalizações realizadas no local.
“Recebemos denúncias de pacientes às 04h00 relatando a falta de médico no hospital. A Delegacia de Polícia Civil Regional de Picos foi acionada para fazer a ocorrência policial da ausência dos médicos plantonistas no referido horário. Essa é a primeira audiência e não será a última, quero deixar claro que todas as vezes eu receber denúncias estrei dentro do hospital. Esse é um trabalho diuturno e peço que as pessoas denunciem, não precisa se identificar”, disse a promotora durante a audiência.
Ainda segundo a promotora, os problemas do local interpassam a falta de médicos durante o plantão, problemas no acolhimento dos pacientes, falta de leitos e de estrutura física também motivaram a audiência.
O presidente da OAB de Picos, Franck Bezerra, ressaltou a importância de cobrar melhorias para o local e lembrou que desde 2015 vem sendo procurado por pacientes que denunciam problemas no atendimento e na gestão do Regional de Picos.
“A princípio achávamos que eram questões pontuais e de fácil resolução, mas após dois anos, percebemos que não é bem assim. Existe há muito tempo um processo de precarização da estrutura do HRJL, que vem sendo sucateada nas últimas gestões. O município de Picos não se resume aos seus 80 mil habitantes, somos uma região com quase 400 mil pessoas”, afirmou Franck.
Franck lembrou ainda, que cerca de 300 pessoas usam os serviços de urgência e emergência do hospital por dia. “O que temos visto durante as nossas visitas é que a estrutura atual não atende satisfatoriamente aos pacientes”.
O Hospital Regional Justino Luz é um “hospital de campanha” e foi construído durante o período da Ditadura Militar, com paredes de latão e compensados. Desde então foram realizadas pequenas reformas, que segundo a OAB de Picos, ainda não atendem as necessidades dos pacientes.
O diretor do HRJL, Valério Azevedo, participou da audiência e relatou que a sessão abre um canal de diálogo entre o hospital, a sociedade e entidades. O diretor não negou os problemas que a unidade enfrenta, mas ressaltou que o governo do Estado tem tomado inúmeras medidas para minimizar as dificuldades.
“Espero que possamos avançar nos atendimentos. Nossa prioridade tem sido o nosso pronto socorro. Durante o mês de março realizamos 9.947 atendimentos, o hospital encontra-se atualmente com a metade de sua capacidade física em detrimento da reforma e ampliação do pronto socorro. Queremos explicar para a sociedade que existe um acolhimento de classificação de risco, onde o paciente passa por uma triagem, onde patologias de menor gravidade são atendidas após as urgências”, explicou o diretor.
Durante o período da Semana Santa, foram realizadas 38 cirurgias de emergência no hospital, além do nascimento de 32 crianças de parto normal e inúmeros partos cesarianos.
Ausência de médicos durante o plantão
Questionado sobre a ausência dos médicos no horário dos plantões, Valério não negou o problema e afirmou que vem procurado combater o mesmo com veemência.
“Não estamos não só fiscalizando, mas também orientando, possuímos um sistema de vídeo monitoramento, além do ponto eletrônico. Em todas as entradas do hospital temos um quadro informando o nome de todos os plantonistas e se por um acaso o usuário tenha dúvidas ou sinta a ausência do profissional, que também nos busque para que possamos resolver o problema, onde o mesmo será penalizado com o corte do ponto”, relatou Azevedo.