11/05/2017 - Jesika Mayara
Dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi) mostram que em 2017 houve uma queda nos números de casos suspeitos e um aumento em casos confirmados de febre Chikungunya no Piauí. De acordo com gerente de vigilância em saúde da Sesapi, Mariane Araújo, o número de casos pode ser ainda maior, já que para a Sesapi suspeita de subnotificação por parte dos municípios.
“A gente observa que com a troca de gestores em mais de 60% dos nossos municípios, a maioria dos responsáveis por esses agravos dentro do município também mudou. Assim, a gente pode observar uma subnotificação desses dados no estado”, disse.
A doença matou uma pessoa no Piauí no ano de 2016 e apesar da mortalidade não ser tão alta, os sintomas maltratam muito, existem casos em que a pessoa chega a ficar internada na UTI por conta da gravidade dos sintomas. De acordo com o médico Thiago Diniz, a principal diferença entre a febre Chikungunya e outras doenças é a gravidade dos sintomas.
“O grande marco que diferencia a Chikungunya de outras doenças é a artralgia, a dor articular. Inclusive a origem africana do nome da doença significa ‘aquele que se dobra’. Temos percebido pacientes que chegam em cadeiras de rodas, principalmente os idosos, porque 90% dos pacientes com chikungunya são sintomáticos, ou seja, realmente chegam com muita dor articular”, explicou.
O empresário Fábio Silva conta que as dores no corpo começaram há duas semanas e que após exames, a doença foi confirmada. “Dor de cabeça e muita febre durante a noite. Fui ao hospital, fiz exame de sangue, tomei injeção, foi passado um medicamento para pressão, que estava muito alta. Já se passaram 15 dias que isso aconteceu e eu ainda sinto dores nas articulações, principalmente dos dedos das mãos e dos pés”, contou.
Ainda nos dados oficiais da Sesapi pode-se verificar que se por um lado os casos suspeitos diminuíram em 386 de 2016 para 2017, por outro lado, os casos confirmados aumentaram de 21 para 150 de 2016 para 2017. A explicação para isso, segundo a Sesapi, pode estar no fato que até o ano passado o exame que confirma a doença não era realizado no Piauí, mas que atualmente é feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e em maior quantidade.
Na casa do empresário, a febre Chikungunya atacou não somente ele, mas a esposa e a filha. O empresário reclama que no seu bairro não passa mais o ‘carro fumacê’, que conta com veneno que mata o mosquito Aedes Aegypti. “Desapareceu do mapa, a gente nunca mais ouviu falar. Falam da doença, dos riscos que tem, mas eu acho que o poder público está deixando a desejar nesse quesito”, disse.
Sobre a reclamação do ‘carro fumacê’ a Fundação Municipal de Saúde afirma que os carros estão funcionando normalmente, mas que são seguidos critérios técnicos definidos pelo Ministério da Saúde para que eles não saiam aleatoriamente. Para o uso do carro a gerência da Zoonose analisa os índices de infestação na área e os casos notificados. Com estes dados são montadas de estratégias de combate ao mosquito que pode ser feito também com a visita de agentes de endemia nas casas.
G1