21/10/2017 - Jesika Mayara
O Piauí é o maior produtor de pó de carnaúba do país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, essa riqueza natural tem sido alvo de empresas estrangeiras, principalmente com relação à exploração de mão de obra em condição análoga à escravidão.
Uma das maiores empresas de doces da Alemanha, Haribo, é acusada de praticar esse tipo de crime não só no Piauí, mas também em outros estados brasileiros. A empresa tem sido acusada por um documentário promovido em uma TV pública da Alemanha, de proporcionar péssimas condições de trabalho às pessoas e de cometer maus tratos aos animais na produção de gelatina para seus produtos.
A matéria-prima explorada é a cera de carnaúba, produzida no Piauí, Ceará, Maranhão, Bahia e Rio Grande do Norte. O escândalo tomou as páginas dos maiores periódicos do país europeu, incluindo o Deutsch Welle (DW), que destaca a exploração de “uma das regiões mais pobres do Brasil”.
Entre os principais mercados consumidores, além da Alemanha, estão Estados Unidos e Japão. O documentário classifica a condição dos trabalhadores como escravos contemporâneos. As condições relatadas incluem menores de 18 anos, sem acesso a banheiros, forçados a dormir ao relento, ou em caminhões, próximos às plantações, hidratação com água imprópria e ferramentas de trabalho em más condições.
Na contramão do enfrentamento do problema, o governo de Michel Temer (PMDB) vem adotando medidas para afrouxar o conceito de trabalho escravo no Brasil. Seria uma forma de agradar grandes proprietários de terras e monoculturas e suas bancadas no Congresso Nacional, em troca de apoio para permanecer no cargo.
Portal AZ