Picos(PI), 22 de Novembro de 2024

Matéria / Educação

Redação do Enem fala sobre formação educacional de surdos no Brasil

Inep divulgou informação em sua conta no Twitter segundos depois de a prova começar

05/11/2017 - Jesika Mayara

Imprimir matéria
814bf59b90b0ebab7c7bbfedcd80.jpg Alunos do Ines fazem simulado para o Enem - (Foto: Leo Martins / Agência O Globo)
814bf59b90b0ebab7c7bbfedcd80.jpg Alunos do Ines fazem simulado para o Enem - (Foto: Leo Martins / Agência O Globo)

O tema da Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 é “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil". O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame, divulgou a informação em sua conta no Twitter logo após o fechamento dos portões.

Para o coordenador de Redação do Colégio de A a Z, Rafael Pinna, o tema segue a tendência dos últimos anos ao abordar uma questão relativa a um grupo marginalizado na sociedade, como aconteceu com as propostas referentes ao combate à violência contra a mulher, à intolerância religiosa e ao racismo.

"A aposta de um tema de inclusão de pessoas com deficiência é uma aposta que aparece há bastante tempo nos temas prováveis. Não chega a surpreender, até porque nos últimos anos tem uma tendência de falar de grupos excluídos e marginalizados. Não fugiu dessa lógica", avalia.

O educador afirma que os alunos precisam estar atentos para não fazer abordagens generalistas e fugir do tema. Segundo ele, é preciso lembrar que a proposta traz ainda a questão relativa à educação. "O tema parece mais específico que nos anos anteriores. O aluno deve ter cuidado para não falar genericamente sobre pessoas com deficiência, ou sobre pessoas surdas. Ele deve falar sobre a educação para esse grupo".

Sobre a grande polêmica deste ano em relação à violação dos direitos humanos, o professor acredita que o assunto proposto pelo Enem não é tão suscetível a violações como os de anos anteriores.

"Fico feliz com o fato de não ter caído um tema que toque diretamente em questões que podem ser alvo de discursos de ódio e, que devido à suspensão do critério, estariam de certa forma autorizados na redação. Não me parece um tema que vai trazer grandes desafios, embora esteja em sintonia com os direitos humanos, já que fala sobre a necessidade de educação para todos e a própria constituição traz isso como um direito. É uma questão que dialoga com os direitos humanos, mas não envolve discursos de ódio ", diz Rafael Pinna.

De acordo com o professor Raphael Torres, do Colégio Pensi e do QG do Enem, a surpresa do tema desta edição está no fato de algo tão específico ter sido abordado.

"Mais uma vez, vemos um tema sobre minorias, mas com um nível de especificidade que me surpreendeu. Primeiro pelo fato de realmente trabalhar com uma categoria que sofre invisibilidade social gritante: se analisarmos outras categorias que não têm visibilidade, os surdos têm menos ainda. Além disso, o tema deixa o Estado totalmente exposto. É uma questão que dá para "detonar" o governo com tranquilidade, abordando a falta de infraestrutura e de oportunidades de inclusão. Os candidatos precisam estar atentos ao fato de que o tema destaca a questão da formação educacional. Isso pode gerar confusão, assim como em 2015 quando o tema trazia falava sobre a "persistência" da violência contra a mulher ", destaca Torres.

Fonte: Agência O Globo

 

Facebook