17/02/2018 - Jesika Mayara
Dois assuntos dominaram as redes sociais e grupos de Whatsapp dos piauienses nos últimos dias: a nuvem de 100 km de extensão sob o munícipio de Uruçuí e o alerta de fortes chuvas para o Estado emitido por setores nacionais de meteorologia. É grave? É catastrófico? Especialistas em Meteorologia garantem que não e criticam a “ignorância” de quem “viraliza” essas informações como se elas fossem anormais dentro do período chuvoso.
O professor de Climatologia da Universidade Estadual do Piauí, Werton Costa, disse que os alertas são reais, mas ressalta que a população não precisa entrar em desespero achando que esses fenômenos são raros.
"As pessoas possuem memória curta. Passamos quase cinco anos de seca, quando as chuvas começam a se apresentar no período é normal qualquer imagem de satélite mostrar um conjuntos de nuvens ocupando dezenas e até centenas quilômetros de extensão. E isso não quer dizer que essa nuvem inteira vai se desabar em forma de chuva. Esses aglomerados de nuvens são normais dentro do período chuvoso. Estamos numa sociedade que é pouco preparada, diferente dos japoneses, americanos, europeus, que já internalizam a ideia de um alerta. Como temos a cultura de lidar com a natureza, existe muito ignorância e esses tipos de virais se espalham com muita facilidade”, ressaltou o professor Werton Costa.
O especialista em Climatologia esclarece, ainda, que os alertas de chuvas são feitos diariamente.
“Todo alerta é nomeado a partir de uma escala de cores. Verde significa nenhum problema, amarelo estado de atenção, laranja perigo, e vermelho estado grave. Foi emitido no dia 13 de fevereiro alerta laranja para Uruçuí, indicando possibilidade de chuva acima da media. Na madrugada do dia 13 para 14 o alerta foi reduzido para padrão amarelo. Choveu 56 milímetros em Uruçuí e 53 milímetros em Floriano, normal para este período”, esclarece o professor.
A meteorologista Sônia Feitosa, da secretaria estadual do Meio Ambiente, também negou que aconteçam “tempestades catastróficas no Piauí” e criticou o alarde feito em torno um alerta comum para este período do ano.
"Ontem várias pessoas ligaram para o meu telefone porque viram esse alarde que na cidade querendo saber dessa grande tempestade que iria acontecer no Piauí. A forma como foi compreendida pela população aterrorizou muita gente. Uma pessoa me ligou dizendo que foi para o hospital porque estava passando mal. A Semar não foi responsável por esse alarde. Na realidade a causa das chuvas foram instabilidades formadas principalmente pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e ainda pela atuação de um Vórtice ciclônico de Altos Níveis (VCAN). Esses dois sistemas formam nuvens propícias a chuvas volumosas e não é nenhuma surpresa para essa época do ano”, explica Sônia.
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