27/03/2018 - Redação
“Foi uma coisa horrível, um barulho maior do mundo que eu digo que no Canto da Várzea ouviram. Ninguém não dormiu mais como medo da casa descer de cabeça abaixo”. O relato angustiante é da diarista e manicure, Neci da Conceição, moradora da Rua São Cristóvão, no Morro da Mariana, na Região Central de Picos, onde um muro de arrimo desmoronou causando pânico aos moradores, na noite de ontem (26).
No local do desmoronamento o cenário é de muita destruição. O abismo, que se formou com a queda do paredão, “engoliu” um trecho da Rua Santiago que está praticamente intransitável nesse ponto. Parte das calçadas também cedeu e a estrutura de pelos menos seis imóveis foi abala devido ao desabamento.
O problema é antigo e foi relato pelo Picos 40 Graus em janeiro deste ano. Relembre: Moradores de área de risco abandonam residências em Picos
O autônomo Francisco Dogivan Damasceno, que é conhecido Dogivan da Pimenta, relatou que a chuva caída na tarde de segunda-feira colaborou para a queda do muro de arrimo. Ele informou que o desabamento aconteceu por volta das 22h00min. O autônomo lamentou que um trabalho preventivo não tenha sido realizado no local, como por exemplo a manutenção do paredão.
“Sempre esperamos uma reação por parte do poder púbico, retornando com benefícios os impostos que nós pagamos, porque aqui nós estamos em uma área de risco, mas pagamos IPTU como todo mundo. Por volta de 2006, na administração passada, foi feito um paredão, mas infelizmente a atual administração não fez a manutenção. Ele foi construído há 12 anos e veio cair agora porque não fizeram nenhuma reforma”, pontuou Dorgivan da Pimenta.
Morador da Rua São Cristóvão, o mototaxista, José Ribamar de Moura Leal, cobrou uma solução urgente por parte da Prefeitura de Picos. “A gente queria uma resposta imediata, uma providência dos políticos, do prefeito, para resolver logo esse problema. Espero que isso não se estenda por muito tempo, queremos uma solução urgente visto que pagamos impostos como todo cidadão de bem”, salientou.
Mas o desmoronamento do muro de arrimo não causou transtornos apenas para os moradores da Rua São Cristóvão. Quem reside na via que fica abaixo, a Rua Santiago, também está angustiado com a possibilidade de terem o imóvel invadido pelo deslizamento de lama e pedras. Com medo, alguns moradores da Rua Santiago iniciaram por conta própria a retirada dos entulhos, que por pouco não invadiram os quintais das casas.
A dona de casa, Analine dos Santos, descreveu a angústia vivida pelas famílias da Rua Santiago. “A gente não dorme a noite. Quando começa a chover aí o morro começa a cair e a pessoa é obrigada a sair de casa. Se tivesse para onde ir eu não moraria aqui em cima porque eu acho que é uma humilhação para o ser humano”, desabafou a dona de casa.
Fontes ligadas a Coordenação de Defesa Civil informaram a nossa reportagem que pelo menos seis casas serão interditadas na Rua São Cristóvão. No entanto, esse número pode subir, haja vista a ameaça de o desmoronamento atingir as residências que ficam na Rua Santiago. Ainda não existe previsão de quando um novo muro de arrimo será construído no local, até porque o coordenador da Defesa Civil, Olivério Luz, quando de outro desmoronamento ocorrido na Rua Santiago, no mês de janeiro, já havia dito que a Prefeitura não estava em condições financeiras para construir outro paredão.
“Aqui por enquanto muitos não têm condição de sair e nós temos que continuar porque não dá pra abandonar o pouco que se tem. Mas infelizmente se continuar assim, se a chuva não parar eu vou me retirar e pedir a todos que façam a mesma coisa. É melhor perder os bens materiais do que a vida”, concluiu o autônomo, Dogivan da Pimenta.
Por João Paulo/ Portal O Povo