Picos(PI), 22 de Novembro de 2024

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Na política, padres encontram escândalos, processos e cadeia no Piauí

Mas estes casos mostram, antes de tudo, que os padres precisam fazer menos política e rezar mais

16/07/2018 - Redação

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P40G-IMG-105bdf51781b43539e6.jpg Aos padres: menos política e mais oração (Foto: Ilustração - Gettyimages)
P40G-IMG-105bdf51781b43539e6.jpg Aos padres: menos política e mais oração (Foto: Ilustração - Gettyimages)

Por Zózimo Tavares

No Piauí, os padres que se lançam na política não têm sido abençoados nessa missão. Eles se destacam mais pelos escândalos nos quais são envolvidos do que como benfeitores. Todos carregam muitos processos judiciais nas costas.

A lista começa pelo padre Manoel Lira Parente, um nome associado à educação e à resistência à miséria nos confins do sertão.

Em 1954, ele elegeu-se prefeito de São Raimundo Nonato, depois de fundar na cidade o Ginásio Dom Inocêncio, ume referência de ensino na região.

Enfrentou muitos obstáculos no poder e chegou ao final do mandato amargando grande desgaste popular.

Analfabetismo zero

Mas o padre Lira não se entregou. Em vez de desistir da política e cuidar especificamente de sua ação pastoral, procurou o povoado mais distante e mais esquecido de São Raimundo - Curral Novo.

Lá ele se meteu em uma nova empreitada: a de levar educação e trabalho para um povo abandonado à própria sorte.

No início da década de 1960, criou na comunidade a Fundação Ruralista, uma instituição voltada para a educação e capacitação profissional.

Além de ensinar aquela gente pobre a ler e escrever, ensinou as mulheres sertanejas a bordar. Em um tempo em que o Bolsa Familia não existia nem em sonho, era uma fonte de renda que fazia a diferença.

Novo município

O padre Lira acabou criando no coração da caatinga o município de Dom Inocêncio, em 1988. Foi prefeito dessa nova cidade por três vezes e lá zerou o analfabetismo. Isso não existiu nem existe em nenhum outro município do Brasil. Nem lá existe mais.

Mas, além de prêmios como prefeito, o padre Lira recebeu muitos processos na Justiça, porque quis fazer do seu jeito, não como manda a burocracia.

Condenação

Ainda em São Raimundo Nonato, outro sacerdote que se meteu na política e se deu muito mal foi o padre Herculano Negreiros. Ele exerceu dois mandatos de prefeito – de 1997 a 2000 e de 2009 a 2013.

Teve uma administração atribulada, com ameaças de cassação de seu mandato pela Câmara Municipal e, como ex-gestor, carrega vários processos nas costas.

Por último, o juiz de Direito Carlos Alberto Bezerra Chagas, da 1ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, acaba de expedir sentença contra o Padre Herculano, condenado por prática de improbidade administrativa.

Pedofilia

Em 2010, o prefeito do município de Domingos Mourão, o padre Domingos José Rodrigues Cavaleiro, foi preso acusado de pedofilia. Ele foi denunciado à Justiça pelo Ministério Público Estadual.

E agora, por deixar de prestar contas, no devido tempo, da aplicação de recursos da merenda escolar, no ano de 2012, o ex-prefeito de Domingos Cavaleiro foi denunciado à Justiça Federal.

Caso seja condenado, o padre poderá pegar de 3 meses a 3 anos de prisão.

Mandato cassado

Por fim, o prefeito de Picos, Padre Walmir (PT), acaba de ser cassado, por abuso de poder econômico e da máquina administrativa na campanha pela sua reeleição, em 2016.

A sentença foi dada na quarta-feira pelo juiz José Airton de Sousa, da 62ª Zona Eleitoral de Picos.

Como foi uma decisão de primeira instância, cabe recurso ao Tribunal Regional Eleitoral.

Mas estes casos mostram, antes de tudo, que os padres precisam fazer menos política e rezar mais.

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