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Matéria / Saúde

Câncer de próstata: preconceito afasta homens do diagnóstico

Novembro azul busca levar informações para diminuir o número de mortes por conta da doença

22/11/2018 - Redação

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P40G-IMG-8bd02d5b82d83da321.jpg (Foto: O Tabuleiro)
P40G-IMG-8bd02d5b82d83da321.jpg (Foto: O Tabuleiro)

Alguns sintomas, como o fluxo constante da urina, fizeram Raul Nunes Andrade, 70 anos, procurar o seu médico para descobrir a causa destes problemas. Após realizar exames, como o de toque retal, ele foi diagnosticado com câncer de próstata. “Se eu tivesse agido com machismo, já estaria morto. Eu tinha 65 anos e tive que encarar com normalidade a colonoscopia para poder minimizar meu problema. Optei por retirar a próstata e o câncer não se espalhou para outros órgãos”, declarou o corretor de imóveis, que também percebeu o desaparecimento do esperma antes de procurar ajuda médica.

Para que mais homens sobrevivam ao descobrir o câncer de próstata – por ter o hábito de consultar um médico e realizar exames regulamente -, o Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) realiza, desde de 2008, iniciativas para promover a mudança de comportamento e pensamento dos brasileiros. Segundo o LAL, foram mais de 460 ações, como iluminações de prédios e monumentos, além de palestras e parcerias com instituições e personalidades. O Novembro Azul tem como inspiração o movimento australiano Movember – junção das palavras em inglês moustache (“bigode”) e november (“novembro”), além da campanha Outubro Rosa, que alerta as mulheres sobre o câncer de mama.

Preconceito

Mesmo com as ações de prevenção e alerta para a realização dos exames que podem detectar o câncer de próstata em estágio inicial, o número de mortes em decorrência da doença cresceu nos últimos anos. Na Bahia, foram 1.217 óbitos em 2015, 1.223 em 2016, 1.254 em 2017 e, só neste ano, já foram 895 mortes registradas, segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado (SESAB).

A falta de informação e o preconceito são algumas das razões que levam o sexo masculino deixar de lado procedimentos que possam identificar a doença precocemente. “Até 2010 pouco se falava sobre a saúde do homem. Ainda há muito preconceito e piadinha sobre o assunto. Existem aqueles que não aceitam sequer pegar nosso material de divulgação. O que temos percebido com a campanha é que a mulher tem contribuído para incentivar o seu companheiro, seu pai, seu familiar ou seu amigo a fazerem seus exames preventivos”, ressalta Denise Blaques, diretora institucional do LAL.

O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens brasileiros, atrás apenas do câncer de pele. Anualmente, o país registra cerca de 68 mil novos casos e 13 mil mortes causadas pelo tumor, que, em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o quarto tipo mais comum. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que surjam 68.220 novos casos da doença neste ano.

Acompanhamento

A recomendação é que o acompanhamento médico seja a partir dos 50 anos para todos os homens e 45 anos para quem tem histórico da doença na família. O câncer de próstata é normalmente detectado pelos exames Antígeno Prostático Específico (PSA) no sangue, além do temido toque retal. Em alguns casos, pode também ser recomendável realizar ressonância magnética e a biópsia para confirmar a presença do câncer. Os sintomas mais comuns são dificuldade para urinar, dores na região do abdômen e impotência sexual.


A dificuldade no fluxo da urina e dores na região do abdômen são alguns dos sintomas do câncer de próstata

“O PSA e o toque retal são dois exames aliados que vão diagnosticar a maioria dos tumores. O maior fator de risco é o histórico familiar. Quanto mais parente de primeiro grau, maior este risco. Estudos mostram que indivíduos da raça negra têm a maior probabilidade de ter câncer na próstata, assim como pessoas que vivem em países de alimentação com muita gordura”, adverte o médico urologista Humberto Ferraz.

As chances de recuperação da saúde estão diretamente relacionadas ao estágio em que a doença for diagnosticada. O tratamento para quem identifica precocemente chega a índice de cura de até 90%. “O tumor estando restrito a região da próstata, pode ser feita a retirada da glândula ou, como alternativa, a radioterapia. Para em casos de metástase, existem a hormonioterapia e quimioterapia, além de outros procedimentos paliativos”, explica Humberto Ferraz.

Cuidado o ano todo

A campanha do LAL vai além do câncer de próstata. A intenção do movimento Novembro Azul é também de chamar atenção da população para que homens de todas as idades se cuidem contra outros tipos de cânceres, como o de testículo e pênis, além de doenças crônicas. A importância de uma qualidade de vida, com pratica de exercícios e uma boa alimentação, ajuda a ficar fora da zona de risco.

“Sedentarismo e obesidade são alguns fatores que poder levar o homem ao risco de ter câncer e outras patologias. Existem exames periódicos que os homens podem fazer, com a solicitação médica, para controle da saúde, como, por exemplo, glicemia, colesterol total e hemograma, que ajudam a manter uma qualidade de vida”, alerta Tatiana Ferraz, gestora técnica e administrativa do Laboratório Sabin.

Além do clínico geral, outras especialidades médicas podem ser procuradas pelos homens para um check-up completo da saúde, como a cardiologia, nutrição, urologia, oftalmologia, odontologia e psicologia.

Você sabia?

Desde 2008, o Movimento Novembro Azul realizou mais de 460 ações para alertar a população sobre o câncer de próstata.
Só este ano, a doença já matou 895 homens na Bahia. Ano passado, foram 1.254 óbitos.
A estimativa do INCA é que surjam 68.220 novos casos da doença neste ano no Brasil.
O tratamento para quem identifica precocemente chega a índice de cura de até 90%

 

Fonte:  Correio 

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