26/12/2018 - Redação
Mesmo com a chegada do período chuvoso, as pessoas devem se manter atentas à regularidade no uso do filtro solar. O alerta, feito pela dermatologista Lia Raquel, vai de encontro a uma realidade no país: o tipo de câncer mais comum no Brasil é o de pele e a exposição solar é responsável pela maioria dos casos registrados. Anualmente, 176 mil brasileiros são vítimas da doença, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
“É importante o uso de fotoprotetor mesmo em dias nublados, porque a radiação ultravioleta A está presente o tempo todo, tem que ser feita a proteção contra essa radiação, não só contra ultravioleta B, presente em menor intensidade nos dias nublados”, explica a dermatologista.
Existem dois tipos de radiação: a ultravioleta A que causa o envelhecimento da pele, alguns tipos de cânceres de pele e manchas na pele; e a radiação ultravioleta B, que é mais conhecida e causa a queimadura solar, com vermelhidão intensa na pele. Por isso, a exposição ao sol entre 10h e 16h não é recomendada, já que é o período de maior radiação.
“Culturalmente, não temos o costume de utilizar chapéus ou guarda-sol para se proteger do sol, mas deveríamos ter. É importante reaplicar o protetor solar continuamente para garantir a proteção durante o dia. A gente recomenda que seja reaplicado de duas em duas horas”, assinala a especialista.
Número do fator de proteção
Muita gente não sabe ao certo o que os números no rótulo do produto querem dizer. O principal deles, e que diferencia os itens disponíveis no mercado, é o fator de proteção solar (FPS). Essa classificação refere-se ao tempo que a pele fica protegida, em relação ao que ficaria sem o uso do filtro solar. Assim, se a pessoa leva quatro minutos para começar a sofrer os efeitos do sol e utiliza um protetor solar com FPS 30, a proteção permanece por 30 vezes mais tempo.
Produto também atua no tratamento de doenças de pele
Mas o protetor solar não é importante apenas como prevenção, mas também pode atuar no tratamento de doenças de pele, como é o caso de Samuel Andrade, de 6 anos. A mãe dele, Julianne Andrade, conta que o filho tem uma doença chamada dermatite atópica. “Essa condição faz com que ele não tenha a proteção da pele. Ele tem que fazer uso do protetor 24 horas por dia por que até a luz da lâmpada queima a pele dele”, relata.
Com esse problema, a exposição ao sol resseca a pele, provoca brotoejas e coceira em Samuel. Quando em crise, a pele fica com um aspecto mais grosso (perde a maciez), com bolhas e manchas brancas. “Por isso, o uso de protetor solar precisa ser feito diariamente”, destaca Julianne.
Outra questão é a proteção completa e não apenas em algumas regiões do corpo. É comum, como no caso de esportistas, usar roupas de proteção e descuidar do uso de protetor solar em áreas como as mãos, rosto e pescoço, regiões sensíveis e que também requerem o uso do produto.
“Todas as áreas expostas devem estar protegidas. Se você usa uma blusa de proteção solar ou um chapéu ou boné, que só protege a região central do rosto, deixa as laterais expostas. As mãos, o colo, são áreas muito expostas e precisam ser protegidas”, esclarece a dermatologista Lia Raquel.
Alguns protetores são mais resistentes à água e promovem um pouco mais de proteção. No entanto, para quem vai aproveitar as férias para ir à praia ou ficar na piscina, deve seguir rigorosamente a indicação e reaplicar o produto a cada duas ou três horas.
Crianças
É preciso, ainda, ter cuidado extra com as crianças. Segundo a dermatologista, a maioria dos casos de câncer de pele estão relacionados com a exposição solar no início da vida, entre a infância e a adolescência. “Geralmente, essa é a época que a gente está mais exposto, brinca mais na rua, faz mais esportes ao ar livre, então é o período que se pega mais sol. Por isso, é preciso lembrar sempre de aplicar protetor solar nas crianças, é muito mais importante”, pondera a médica.
A degeneração celular é cumulativa, vai acontecendo ao longo do tempo e, por isso, o cuidado deve ser feito desde a fase inicial da vida. “Lembrando que não recomendamos o uso de protetor solar em bebês com menos de seis meses. Nesses casos, deve ser feita a proteção física”, explica.