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Ex-deputado acusado de liderar grupo de extermínio será julgado no PI 22 anos após crime

Ele será julgado pelo primeiro Tribunal do Júri por videoconferência

13/11/2019 - Redação

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P40G-IMG-bb71e2014273f7bdd9.jpg (Foto: Reprodução)
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O ex-deputado federal Hidelbrando Pascoal Nogueira Neto, acusado de liderar um grupo de extermínio na década de 90, popularmente conhecido como ‘Esquadrão da Morte’, volta ao banco dos réus nesta quarta-feira (13). Ele será julgado pelo primeiro Tribunal do Júri por videoconferência do Piauí pelo sequestro e morte de José Hugo Alves Júnior, em 1997, na cidade de Parnaguá.

O julgamento de Hildebrando Pascoal acontece 22 anos depois do assassinato do motorista José Hugo, acusado de matar o irmão do ex-deputado, o subtenente Itamar Pascoal. O crime teria participação do ex-policial Raimundo Alves de Oliveira, que permanece preso e também será julgado nesta quarta-feira.

Atualmente o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal, com 67 anos, cumpre prisão domiciliar por outros crimes em Rio Branco, estado do Acre, por um período de um ano. Pascoal é monitorado por tornozeleira eletrônica e está em cadeiras de rodas.

O juiz titular da Comarca de Parnaguá, José Sodré Ferreira Neto, informou que a videoconferência será um recurso para reduzir custos, gerar rapidez ao processo e maior comodidade aos acusados, sendo que um permanece preso e o outro passa por problemas de saúde. O recambiamento dos réus do Acre ao Piauí daria uma distância de mais de quatro mil quilômetros.

“Para mim é de grande importância fazer parte disso, participar desse julgamento que vai acontecer com uso de recursos tecnológicos”, comentou.

Para o analista sistema do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), Igor Lima, durante a audiência serão utilizados recursos simples como: uma televisão e câmeras de alta qualidade. A sessão acontece através de um programa cedido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que permite a interação e participação de todas as partes.

Primeiro Tribunal do Júri por videoconferência do Piauí — Foto: Maria Romero/G1 PI
Primeiro Tribunal do Júri por videoconferência do Piauí — Foto: Maria Romero/G1 PI

Entenda o caso
De acordo com a acusação, Hildebrando Pascoal, com auxílio do primo Aureliano Pascoal, então comandante da Polícia Militar do Acre, mobilizou a corporação para vingar a morte do irmão. Na época, cartazes com a foto de José Hugo foram espalhadas pela cidade, com a recompensa R$ 50 mil para revelar o paradeiro do motorista.

De acordo com a denúncia do Ministério do Piauí, o motorista José Hugo foi localizado e sequestrado por Hildebrando, em janeiro de 1997, na fazenda Itapoã, em Parnaguá. Ele foi levado para o município de Formosa do Rio Preto, na Bahia, onde teria sido torturado e assinado com requintes de crueldade.

Em depoimento a Justiça Federal, em novembro de 1999, Raimundo Alves revelou que José Hugo foi queimado com ácido antes de ser assassinado.

Outros crimes
Hildebrando Pascoal durante julgamento em 2009, em Rio Branco — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
Hildebrando Pascoal durante julgamento em 2009, em Rio Branco — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Acusado de chefiar um grupo de extermínio no Acre, Pascoal cumpre pena em Rio Branco por tráfico, tentativa de homicídio e corrupção eleitoral. Em 2009, ele foi condenado a 18 anos de reclusão pela morte de mecânico Agilson Firmino dos Santos, o ‘Baiano’, caso que ficou conhecido popularmente como ‘Crime da Motosserra’, em 1996. As condenações todas somam mais de 100 anos.

O crime teria sido motivado por vingança, após a morte de Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando. Agilson teria ajudado na fuga do assassino do irmão do ex-deputado federal.

O ex-deputado também é acusado de sequestro e cárcere privado praticado contra Clerisnar dos Santos e seus dois filhos menores. Esposa e filhos de José Hugo respectivamente.

Histórico
Hildebrando Pascoal Nogueira Neto nasceu em 17 de janeiro de 1952 em Rio Branco, no Acre. Fez carreira na Polícia Militar e chegou a ser comandante da instituição. Em 1994, elegeu-se deputado estadual pelo PFL e exerceu o mandato entre 1995 e 1999. Nas eleições de 1998, conquistou o cargo de deputado federal, mas não chegou a cumprir nem um ano do mandato.

Após diversas denúncias contra Hildebrando Pascoal na Justiça do Acre, o Congresso formou uma comissão parlamentar de inquérito em abril de 1999, chamada CPI do Narcotráfico.

A CPI e o Ministério Público investigavam a existência de um grupo de extermínio no Acre, com a participação de policiais, e que seria comandado por Hildebrando Pascoal. O grupo também era acusado de tráfico de drogas.

A principal acusação contra o então deputado durante a CPI era de que ele teria sido mandante do assassinato em 1997 de pessoas que testemunhariam contra ele. Hildebrando foi apontado como responsável pelas mortes dos policiais Walter José Ayala, Jonaldo Martins, Sebastião Crispim da Silva e do mecânico Agilson Santos Firmino, o Baiano.

Fonte: G1

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