14/02/2020 - Redação
O presidente Jair Bolsonaro oficializou nesta quinta-feira, 13, trocas no primeiro escalão do seu governo. Aliado desde a campanha eleitoral, Onyx Lorenzoni deixará a Casa Civil para assumir o Ministério da Cidadania, no lugar de Osmar Terra. O general Walter Braga Netto, chefe do Estado Maior do Exército e que comandou a intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018, substituirá Onyx no cargo. Com a formalização da mudança, todos os ministros com assento no Palácio do Planalto terão origem militar.
O anúncio foi feito por Bolsonaro por meio do Twitter. A cerimônia de transmissão dos cargos será realizada na próxima terça-feira, 18, no Palácio do Planalto.
“Informo que o Ministério da Cidadania será comandado pelo Deputado Federal Onyx Lorenzoni. A Chefia da Casa Civil será exercida pelo General de Exército Walter Souza Braga Netto. Agradeço ao Ministro Osmar Terra pelo trabalho e dedicação ao Brasil e que terá continuidade na Câmara dos Deputados”, postou Bolsonaro.
Onyx ocupava o ministério mais importante do governo, mas teve suas funções esvaziadas nos últimos dias após sofrer seguidos desgastes. No Planalto, assessores afirmam que o comportamento do ministro vinha incomodando não apenas o presidente, mas seus colegas de Esplanada, que o acusam de fazer a velha política, ao usá-los para atender demandas do baixo clero do Congresso.
Na Cidadania, Onyx terá a missão de comandar o Bolsa Família, principal programa de distribuição de renda do governo. Terra enfrentava críticas por não conseguir levar adiante uma reformulação do programa, o que agora deve ser tocado pelo novo ministro.
Osmar Terra retoma mandato na Câmara
Terra, por sua vez, retomará o mandato de deputado federal. Bolsonaro chegou a oferecer que assumisse uma embaixada do Brasil no exterior, mas ele recusou. O Estado revelou, nos últimos dias, que o Ministério da Cidadania contratou uma empresa suspeita de ter sido usada como laranja para desviar R$ 50 milhões dos cofres públicos, apesar dos alertas de fraude. Ontem, Bolsonaro cobrou explicações de Terra. Em redes sociais, o presidente agradeceu o agora ex-ministro “pelo trabalho e dedicação ao Brasil”.
Em nota, Terra afirmou que continuará ajudando o governo e desejou sorte ao substituto.
“Eu estarei onde for mais importante para o governo e para o presidente Jair Bolsonaro. Sou deputado no sexto mandato, com muito orgulho. Agradeço ter ajudado o Brasil e quero continuar ajudando onde estiver. Desejo sorte ao companheiro Onyx Lorenzoni”, diz.
A troca de ministros ocorre menos de uma semana após Bolsonaro retirar Gustavo Canuto do Ministério do Desenvolvimento Regional e nomear Rogério Marinho no lugar. O motivo também foi a intenção de Bolsonaro de turbinar a área social da sua gestão. A pasta é responsável pelo Minha Casa Minha Vida, programa habitacional do governo.
Mudanças já eram conhecidas internamente
A decisão de Bolsonaro já havia sido comunicada internamente desde ontem, mas ele esperou um dia para divulgar as trocas. Pela manhã, o presidente elogiou Braga Netto e disse que ele era “cotado para qualquer coisa” no governo, mas evitou responder se ele assumiria o cargo de Onyx.
“O Braga Netto eu conheço há algum tempo, me dou muito bem com ele, ganhou uma projeção muito grande em uma situação complicadíssima daquela intervenção da segurança do Rio de Janeiro, está certo? É um homem cotado para qualquer coisa”, disse à imprensa na saída do Palácio da Alvorada.
Bolsonaro insistiu que as eventuais mudanças nos ministérios ainda não haviam sido formalizadas. “Saiu alguma coisa no Diário Oficial da União?”, reagiu ao ser questionado.
Indagado sobre o que conversou ontem com Osmar Terra no Palácio do Planalto, quando, segundo fontes, o comunicou sobre a decisão de afastá-lo da pasta, o presidente respondeu que falaram sobre “amor”. “Me dou muito bem com ele, sem problema nenhum. Tem um bom trabalho”, disse o presidente.
Fonte: Estadão Conteúdo