21/06/2016 - Jesika Mayara
Atualmente a Central de Flagrantes de Picos abriga 15 presos, sendo eles de Picos e alguns municípios da região. Segundo o diretor regional do Sinpolpi, Joel Joaquim dos Santos, as duas celas tem capacidade para oito detentos.
“Eles podem ficar aqui no máximo por 72 horas, enquanto se conclui o flagrante, sendo quatro pessoas em cada cela, no momento contamos com 15. Isso é hoje, porém, tem dias que tem até mais de 20 presos, em uma única cela. Os gestores alegam muita coisa para a demora deles aqui, mas acredito que isso é apenas o governo tentando fugir de mais um gasto financeiro”, disse o diretor.
Ainda de acordo com Joel, é inconstitucional o policial civil fazer custodia de preso. “O preso fica aqui no abandono, nem alimentação sequer tem, quanto mais outras assistências. Os presos de outros estados e municípios comem de favor, quando os de Picos dividem a comida com eles, o que é uma obrigação do Estado. Aqui tem dois doentes mentais, pois alguém que está no estado deles, pode ser considerado um doente mental”.
Os problemas estruturais da Central de Flagrantes de Picos, mesmo após passar por reforma e ampliação, continuam os mesmos de quando o prédio foi interditado e são referentes a esgotamento sanitário, problemas hidráulicos, elétricos entre outros.
A nossa redação esteve no local e conversou com alguns presos, que mesmo sem se identificar, relataram um pouco do que estão vivendo no local.
“Nossa real situação é que estamos presos, a maioria sem visita, pois a família mora longe, sem condições de nos mantermos. Os banheiros todos entupidos minando fezes por cima. A maioria dos presos está aqui por pequenos delitos. Aqui tem um preso que está doente e não come há oito dias, estamos com medo dele morrer. Eu só queria que as autoridades competentes resolvessem os nossos problemas, ou nos soltasse ou nos mandasse para um lugar em que pudéssemos cumprir nossas dívidas com a justiça de maneira digna. Que arrumassem um meio de tirar a gente deste sufoco [...] A alimentação é quando a família vem deixar, só nessa cela existem quatro presos de outras cidades”, disse um detento.
“Tem preso aqui depressivo que precisa de assistência médica e psiquiátrica. Era pra tirar para um hospital, pois se acontecer algo de errado dentro da cela nos seremos prejudicados. Já avisamos as autoridades competentes que existe um preso depressivo que está há oito dias sem comer. Aqui não queremos que ninguém adoeça, já basta está preso em um lugar como esse. Queria que o juiz olhasse pra gente, ou soltasse ou encaminhasse pra penitenciária, onde a gente poderia ter um espaço e um ambiente onde pudéssemos pagar nosso delitos e ao sairmos nos recompormos a sociedade”, relatou outro detento.
“Estou aqui preso, tomo remédio controlado e preciso passar por um médico para a avaliação dos meus nervos, pois sou doente mental. Meu remédio está acabando, tem dias que tomo na hora certa, outros dias não. Aqui não existe nenhum tipo de assistência médica, preciso passar por um médico a cada trinta dias. Minha família mora longe e não podem vir aqui todo dia”, afirmou um detento de Santo Antônio de Lisboa.