28/07/2023 - Jesika Mayara
O padre jesuíta Miguel Martins, de 63 anos, piauiense da cidade de Paulistana, foi convocado pelo Papa Francisco para participar da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que discutirá os rumos da igreja para os próximos anos. O evento, que este ano, conta com número recorde de mulheres, acontecerá em outubro, em Roma e mobiliza bispos, padres, não-bispos, leigos e religiosos de todo o mundo.
Ao todo são 13 brasileiros que foram convocados, entre eles o padre piauiense Miguel Martins, que atualmente exerce o cargo de Diretor-Geral do Centro Cultural de Brasília, no Distrito Federal. Ao todo são 80 latino-americanos ficarão um mês trabalhando em Roma, com o Papa Francisco.
Há 49 anos como jesuíta, e 29 anos como padre, Miguel Martins disse que ficou surpreso em ser convocado.
“Foi uma surpresa. Como se trata do Sínodo dos Bispos, não achava que seria convocado, mas agora o papa decidiu abrir isso para outras pessoas, e para mim é uma responsabilidade muito grande. É um privilégio representar o Brasil e o Piauí. O papa tem privilegiado essa escuta mais sinodal e é uma alegria poder participar”, afirmou.
Miguel Martins disse que está animado para conhecer o papa. “Estou ansioso e animado. Ainda não vi a programação, mas acredito que vai ter algum momento em que vamos poder nos encontrar”, destacou.
O padre disse que sua função será principalmente ajudar na organização das reuniões.
“Acredito que pela minha formação na área da espiritualidade, da Teologia, fui convocado para atuar como um facilitador, que é como um assessor ou como eles chamam, de peritos. Meu trabalho vai ser semelhante ao que eu fiz em Brasília, porque o sínodo tem várias etapas, teve a fase das dioceses, com as escutas das igrejas, e teve a fase continental, onde aqui na América do Sul foram quatro encontros, e o que ocorreu no Brasil eu ajudei como facilitador. Acredito que por isso fui convocado. Lá eu vou ajudar nas reuniões, na organização das metodologias e elaboração dos relatórios que vão ajudar na reflexão da igreja”, afirmou.
O padre explicou que o evento é considerado importante, pois leva a igreja a discutir vários temas. “É um mês inteiro e são muitas reuniões, muitos encontros, de conversação espiritual, porque não são só debates. O que queremos é pensar em como a igreja pode responder melhor algumas questões como a política, cultura, a situação dos refugiados, sobre a família, a juventude, são vários assuntos para levar essa reflexão para a igreja”, finalizou.
O que é o Sínodo
Conhecido como Sínodo dos Bispos, foi criado pelo papa Paulo 6º em 1965, e é uma reunião episcopal convocada pelos pontífices para discutir temas relacionados à instituição, principalmente sobre o futuro e a atuação da igreja. O encontro reúne bispos e leigos, mas dois anos antes do encontro já acontecem as discussões.
Sob a liderança do papa Francisco, a igreja já discutiu questões como família (2015), juventude (2018) e Amazônia (2019).
O atual tema em discussão é “Comunhão, Participação e Missão”. O processo sinodal começou em 2021 e deve ser concluído em 2024. Já foram realizadas assembleias em paróquias e dioceses, e agora ocorre a primeira fase global, entre os dias 30 de setembro a 29 de outubro. A segunda etapa e fase final está prevista para 2024 em Roma.
O Vaticano já publicou um documento preparatório, elaborado a partir de uma consulta global para que durante o sínodo sejam discutidos assuntos sobre o futuro da igreja, e entre as questões que podem ser abordadas estão o divórcio, celibato dos padres e diaconato para mulheres.
Participantes brasileiros na XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo
1. Eleitos pela 60ª Assembleia Geral da CNBB
2. CELAM
3. Testemunhas do processo sinodal – participantes da Assembleia Continental
4. Membro do Conselho Ordinário da Secretaria Geral do Sínodo
5. Chefes de dicastérios da Cúria Romana
6. Peritos
Fonte: Cidade Verde