23/08/2024 - Jesika Mayara
O assessor ministerial André Ricardo Bispo Lima, lotado na 1ª Promotoria de Justiça de Bom Jesus, foi exonerado do Ministério Público do Piauí (MPPI). Ele e o promotor Maurício Verdejo Gonçalves Junior, titular da 6ª Promotoria de Justiça de Picos, são investigados por suspeita de exigir R$ 3 milhões para arquivar processo.
Na terça-feira (20), o desembargador Ricardo Gentil, do Tribunal de Justiça do Piauí, determinou que o processo deixe de tramitar em segredo de Justiça.
O promotor foi denunciado pelo empresário Junno Pinheiro Campos de Sousa que procurou o plantão policial federal e relatou que havia sido abordado pelo agente da justiça em um restaurante. Mauricio Verdejo chegou a receber R$ 900 mil, valor que foi apreendido pela PF.
Após determinação da Corregedoria Nacional do Ministério Público, no dia 9 de agosto, o promotor Verdejo foi afastado temporariamente, pelo prazo de 90 dias, de suas funções assim como houve a proibição de seu acesso a qualquer dos prédios e instalações do MPPI.
Medidas cautelares
Na segunda-feira (19), o desembargador Ricardo Gentil não atendeu ao pedido de prisão preventiva dos investigados, mas definiu que deveriam usar tornozeleira eletrônica. Além disso, aplicou as seguintes medidas cautelares:
-proibição dos investigados de acessar e frequentar as instalações do MPPI;
-proibição dos investigados de se comunicar entre si, de se comunicar com a vítima, Junno Pinheiro, e também de se comunicar com quaisquer servidores do MPPI;
afastamento cautelar do promotor de justiça Maurício Verdejo de suas funções pelo prazo de 01 ano;
No dia 7 de agosto, um mandado de busca e apreensão foi cumprido em Teresina contra o promotor e PF apreendeu R$ 900 mil com ele. O dinheiro foi entregue por um empresário que procurou o plantão policial federal e relatou que havia sido abordado pelo promotor de justiça em um restaurante.
O promotor teria dado o prazo de poucos dias para ele pagar a quantia de R$ 3 milhões para não ser mais investigado.
Após uma semana de investigação, a equipe da PF conseguiu confirmar a denúncia da vítima e registrar o recebimento de parte do montante pelo investigado. Também foram apreendidos documentos e aparelhos eletroeletrônicos na casa do suspeito.
Promotor pode responder por concussão
Conforme a polícia, o Ministério Público do Estado do Piauí (MPPI), por meio da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ/MPPI) deu apoio à operação denominada Iscariotes, em referência ao agente público, que atua em função de fiscal da lei, e traiu a confiança nele depositada pelo Estado e pela instituição.
O promotor poderá responder pelo crime de concussão, que consiste na conduta de exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, vantagem indevida. Por meio de nota, o MPPI disse que o nome do promotor não será divulgado, porque o processo está em segredo de justiça.
A PF destacou que por tratar-se de investigado com prerrogativa em razão da função pública, o fato foi comunicado ao Procurador-Geral de Justiça do Estado do Piauí, a quem cabe investigar membros do Ministério Público, que solicitou a cooperação da Polícia Federal, tendo em vista que a entrega do dinheiro era iminente.
Fonte: G1