30/08/2024 - Jesika Mayara
Em sete anos, o número de grávidas que fumam no Brasil saltou de 70 mil para 120 mil, um aumento de 71%, segundo dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer), que consideram o período entre 2013 e 2019. A pesquisa, feita em parceria com a Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, aponta que metade das fumantes são de baixa renda, pouca escolaridade e jovens entre 18 e 24 anos.
De acordo com o Inca, o uso de tabaco durante a gravidez pode causar parto prematuro, malformações congênitas, baixo peso e síndrome da morte súbita no recém-nascido, além de favorecer a assimilação de um hábito nocivo pelas próximas gerações.
Durante a divulgação do estudo, que ocorreu nesta quinta-feira (29), o pesquisador e um dos autores da pesquisa, André Szklo, apontou que entre as estratégias usadas pela indústria do tabaco no convencimento de jovens para o fumo estão a normalização dos dispositivos eletrônicos para fumar e os custos econômicos. “Ele [o tabagismo] representa um custo direto e indireto para o país anualmente de R$ 153 milhões”, disse.
O estudo mostra que em 2013, o número de mulheres grávidas que fumavam no Brasil representava a metade das não grávidas fumantes (9,6% contra 4,7%). Em 2019, porém, o número de grávidas fumantes era superior ao das não grávidas (8,4% contra 8,5%).
Entre as grávidas fumantes, cerca de dois terços viviam em residências onde era permitido fumar, e o uso dos dispositivos nesses ambientes superou em cerca de 70% a proporção observada em casas livres do fumo.
A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, feita em 2019, mostrou que 26% dos jovens entre 13 e 17 anos já haviam experimentado narguilé ao menos uma vez. “Os resultados desse estudo revelam a ponta do iceberg. Quando você tem um aumento na população de mulheres gestantes fumantes, que são vítimas, justamente, de todo um processo que está acontecendo, revertendo uma tendência que a gente vinha observando desde 1989″, completou Szklo.
Fonte: R7