Com um dos litorais mais visitados do planeta, o Rio de Janeiro tem atraído a atenção não só dos turistas, mas de todos os veículos de imprensa brasileiros que, desde o ano passado, esmiúçam informações sobre o envolvimento das mais expressivas lideranças políticas daquele Estado em esquema de corrupção. No dia 19 de outubro, o recém cassado deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, teve sua prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro, em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, permanecendo na cadeia até hoje. Quase um mês depois, no dia 16 de novembro, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) foi preso pela Polícia Federal na cidade de Campos dos Goytacazes. A acusação era de compra de votos por meio de programas sociais da Prefeitura. Poucos dias depois foi solto, devido a problemas de saúde. No dia seguinte da prisão de Garotinho, outro ex-governador foi preso, desta vez, Sérgio Cabral (PMDB), sob a suspeita de receber milhões em propina para fechar contratos públicos. A operação, batizada de Calicute, faz parte da Lava Jato. Cabral permanece no xilindró. Embora sem envolvimento direto na política partidária, o empresário Eike Batista foi preso no último dia 30, também por envolvimento em esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Considerado há alguns anos como um dos homens mais ricos do mundo, Eike é acusado de pagar propina no valor de US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral. E ontem, dia 08, a maré também chegou na praia de mais algumas excelências, sem a mesma intensidade, é claro. O TRE-RJ decidiu, por maioria, cassar os mandatos do atual governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e do vice, Francisco Dornelles (PP), reconhecendo abuso de poder econômico e político durante a eleição de 2014. Também ontem, o juiz Eduardo Rocha Penteado, da Justiça Federal do Distrito Federal, determinou, por meio de liminar, a suspensão da nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Embora piauiense de nascimento, Moreira Franco fez carreira profissional e política no Rio, chegando ao cargo de governador. E por fim, pelo menos até ontem, a Polícia Federal concluiu um inquérito que investigou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e apontou indícios de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A notícia saiu com exclusividade na edição de ontem do Jornal Nacional, da Rede Globo. Aguardemos, portanto, as próximas fases da Lava Jato, a real Lua dessa maré.