(Foto: Renato Andrade/Cidade Verde)

(Foto: Renato Andrade/Cidade Verde)

A discussão sobre ecologia integral é o tema da Campanha da Fraternidade de 2025. O objetivo da Igreja Católica é levar a sociedade a discutir o tema e encontrar soluções para fazer o uso consciente da terra, a nossa casa comum.

A campanha foi lançada nesta quinta-feira (06) na Residência Episcopal, em Teresina. O arcebispo, Dom Juarez, e os bispos de todas as dioceses do Piauí participaram do evento.

"Deus viu que era tudo muito bom, mas tudo foi transfigurado pelo pecado, pelo desejo de desrespeitar a natureza, a nossa casa comum. A campanha tem como objetivo nos levar à conversão ecológica integral, que não é somente a defesa do verde, mas é a defesa da vida integral, porque quando a Terra é ameaçada todas as vidas estão sob ameaça, inclusive a vida humana. É um chamamento para que nós possamos superar o egoísmo e ganância, o orgulho e se converter para Deus, integramente, e ecologicamente em prol da vida, no agora e no depois. Está é uma questão prática de mudança de hábitos, na relação conosco, com Deus e com os seres humanos - nosso semelhante, e com a nossa casa comum", disse Dom Jacinto, arcebispo de Teresina.

A temática da ecologia foi escolhida por alguns motivos, entre eles o aniversário de 10 anos da encíclica "Laudato Si", escrita pelo Papa Francisco e que trata sobre a defesa da natureza, a nossa casa comum. Também marca os 800 anos dos estigmas de São Francisco de Assis pela Terra, celebrados em janeiro de 2024, que lutou pela vida integralmente.

Além da campanha, o evento também marcou o lançamento da 16ª Romaria da Terra e da Água, que acontece nos dias 19 e 20 de julho deste ano, na cidade de Bom Jesus, distante cerca de 680 quilômetros de Teresina.

"Estamos com todas as atenções voltadas para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que vai acontecer em Belém, mas não podemos ficar centrados somente na Amazônia, nós temos também as nossas preocupações, os nossos problemas domésticos do Piauí, que são gritantes. Nós temos o extremo Sul do Piauí que é impactado pelo grandes projetos do agronegócio e lá temos as nossas grandes reservas naturais, a água, o segundo maior aquífero do Piauí fica abaixo daquela região. Lá também temos as nascentes dos rios Gurgueia e do Parnaíba, que precisam ser protegidos, são preocupações do extremo sul do Piauí, sem desmerecer os problemas do restante do Piauí", disse Dom Marcos Tavoni, bispo de Bom Jesus.

Ele completa questionando o retorno financeiro dos grandes projetos desenvolvidos pelo agronegócio no extremo sul do Piauí não chegam para a população, que segue à margem sem acesso a serviços essenciais.

"Nós não podemos em nome do econômico esquecer das pessoas. Existem graves situações econômicas e sociais que precisam ser resolvidas. Existem situações agrárias, de remanejamento das pessoas, naquela área que precisam ser tratadas com dignidade. Outro foco é o que é feito dos impostos. Aquela área é uma das grande contribuidoras de imposto no Estado, mas o retorno em serviços para a população não chega. A saúde está abandonada. o Hospital Regional de Bom Jesus e UPAS sem insumos. Onde está o retorno destes impostos? Os grandes grupos econômicos ganham, os banqueiros ganham e os pobres não ganham", afirmou.

Até a realização da romaria, a cruz peregrina passará por todas as dioceses do Piauí. Ela esteve em Teresina, neste mês de fevereiro, e agora segue para Picos.

Cidade Verde