02/07/2019 - Redação
O único eclipse total do Sol de 2019 ocorre nesta terça-feira, 2, e poderá ser visto em sua totalidade só de uma estreita faixa que cruza o Chile e a Argentina. Ainda assim, está sendo chamado de "o grande eclipse latino-americano" e "o evento astronômico do ano".
Os brasilienses também terão uma visão parcial do evento astronômico, que será observado dessa forma no Uruguai, Paraguai, Equador e Brasil.
Isso porque um dos melhores locais para ver o fenômeno é La Serena, Chile, onde estão instalados nada menos do que 17 observatórios astronômicos. E é extremamente raro que a área de sombra de um eclipse total caia, justamente, na região de observatório de grandes telescópios. Só ocorreu duas vezes nos últimos 50 anos.
"O Chile tem o melhor céu do mundo para observações, especialmente no inverno", diz o diretor do Planetário do Rio, o astrônomo Alexandre Cherman. "E mais ainda no Deserto do Atacama, onde o clima é extremamente seco."
A astrônoma Duília de Melo, da Universidade Católica da América, já está em La Serena. Ela observará o eclipse com uma equipe do Observatório La Campana, em tenda montada no Atacama especialmente para isso. Como ela, também há centenas de cientistas e turistas (mais informações nesta página).
Em La Serena, a fase parcial do eclipse começará a ser observada às 15h23 e a total, às 16h39 (no horário de Brasília, será às 16h23 e 17h39, respectivamente). Por quase dois minutos, a Lua vai bloquear completamente os raios do Sol. O dia vai se transformar em noite e só será possível ver a coroa solar.
Justamente por ocorrer em uma área repleta de observatórios, o eclipse servirá a vários experimentos. Cientistas repetirão, por exemplo, o experimento feito em Sobral, no Ceará, há exatos cem anos - decisivo para corroborar a Teoria da Relatividade Geral, proposta por Albert Einstein.
"Além de tentar reproduzir o que foi feito em 1919, há outros experimentos. Tem muitos grupos fazendo estudos sobre o vento solar e a coroa do Sol", afirma Duília.
"A coroa solar, a parte externa do Sol, normalmente é invisível, porque é ofuscada pela luz", diz Cherman. "Só é visível durante o eclipse e pode trazer informações sobre a composição e o funcionamento do Sol."
Oportunidade única
Os eclipses totais do Sol não são exatamente raros. Ocorrem, em geral, duas vezes por ano. O problema é que são visíveis em sua totalidade de poucos lugares a cada vez. Sem falar que o tempo pode ficar nublado bem na hora e estragar tudo. Por isso, estima-se que as chances de uma pessoa qualquer ver um eclipse total seria de só uma vez na vida. No Brasil, o próximo está previsto para 2045.
Duília, claro, é uma exceção: será o terceiro visto por ela. "Absolutamente emocionante", conta. "Todo mundo deveria ver ao menos um na vida, para entender a força da natureza, como não estamos no controle de nada. Pessoas choram, crianças gritam, animais ficam confusos. Escurece de repente, esfria, maravilhoso Este ano conseguiremos ver Marte e Mercúrio a olho nu. Certeza de que vou me emocionar."
Reservas esgotadas
As regiões chilenas de Atacama e Coquimbo esperam receber, no total, mais de 300 mil turistas, cientistas e outros caçadores de eclipse para observar o espetáculo astronômico de 2019. Nesses locais, os hotéis estão com reservas esgotadas há pelo menos um ano e o número de voos triplicou.
Vicuña, cidade de 27 mil habitantes, prevê receber de 150 mil a 180 mil visitantes. "Do poder público aos empresários, estamos desde 2015 nos preparando para este dia", diz Alejandro Miranda, da Corporação de Turismo do município.
Na praça da pequena La Higuera, lugar do país onde poderá se observar melhor e por mais tempo o eclipse, professores distribuíam nesta segunda-feira, dia 1º, lentes especiais aos alunos no único colégio da cidade. Em Santiago, a maioria dos colégios deixará as crianças saírem mais cedo. (Com agências internacionais).
Fonte: Estadão Conteúdo